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Revirada Cultural promete mais de 13h de programação

Evento foi criado para questionar Virada Cultural que, segundo artistas, não contempla a diversidade cultural da cidade

Belo Horizonte |
Treze atrações comandarão a noite, entre grupos de reggae, MC’s, bandas de rock e outros ritmos
Treze atrações comandarão a noite, entre grupos de reggae, MC’s, bandas de rock e outros ritmos - Reprodução

Da madrugada de sexta até sábado acontece em BH a 4ª Edição da Revirada Cultural, movimento criado pelos artistas da capital para questionar as nomeações, contratos e regras da Virada Cultural. Treze atrações comandarão a noite, entre grupos de reggae, MC’s, bandas de rock e outros ritmos. O evento acontece na Rua Aarão Reis esquina com Rua Tupinambás, a partir das 18h do dia 9 de julho.
Polly Honorato é produtora cultural, MC e atua desde a primeira edição da Revirada, que aconteceu em 2013. Ela conta que o evento se baseava em uma articulação para fazer frente à administração municipal que, segundo a cantora, não contempla os artistas periféricos e independentes da cidade. Hoje, o teor de protesto continua, mas a consolidação levou a Revirada a outros patamares.
“O público percebe que somos uma ação de resistência e apoia. Desde a primeira edição temos essa particularidade, de nos mostrarmos como espaço para debate, e em 2016 são esperadas centenas de pessoas que vão para curtir os nossos shows”, diz. Eles já contam com equipe de produção completa, que trabalha de forma não remunerada.
Relação tensa com PBH
No entanto, os problemas com a Prefeitura de Belo Horizonte continuam, de acordo com Polly. Segundo ela, a PBH já chegou a divulgar a Revirada como evento adjacente à Virada Cultural, apesar de serem eventos bem diferentes. “Trazemos equipamentos próprios, não podemos montar palcos porque precisam de alvarás e inclusive corremos risco de ter nossas coisas apreendidas”, critica.
A Revirada Cultural de 2016 programa com mais de 13h de eventos e terá entre os intervalos dos shows espaços de debate e interação entre músicos e público.
Política proibida na Virada
A Virada Cultural ainda não aconteceu, mas já tem gerado polêmica e revoltado os profissionais da Cultura na cidade. Isso porque uma das premissas do contrato entre artistas e prefeitura para a realização do evento, a chamada “cláusula oito”, proíbe “terminantemente” que os músicos se manifestem politicamente - seja por meio de faixas, cartazes ou dizeres - durante os shows. Quem desrespeita a regra, segundo o documento, pode ter a apresentação interrompida imediatamente e até mesmo não receber o cachê.
Para o músico Artênius Daniel, do bloco “Então, Brilha”, uma das atrações confirmadas para o evento, a medida tem caráter de censura. Já a PBH afirma que a cláusula foi criada somente para não ferir a Lei Eleitoral que, em época de eleições municipais, impede manifestações a favor de candidatos à administração de Belo Horizonte. “Mas o engraçado é que a regra não cita a Lei Eleitoral, pelo contrário, é bem mais ampla. Será medo de posições relacionadas ao mandato de Marcio Lacerda? Ele nem será candidato e criticá-lo não quer dizer que estou apoiando outro político”, questiona. 
Além disso, de acordo com Artênius, a proibição segue os moldes da Ditadura Militar, que perseguiu massivamente artistas que se posicionavam contra o governo.

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