Minas Gerais

PRECARIZAÇÃO

Terceirizada da Cemig despede trabalhadores sem pagar direitos

Cerca de 400 funcionários da Asolar, empresa espanhola, foram demitidos

Belo Horizonte |
Sindicato denuncia que caso da Asolar reflete a condição dos terceirizados
Sindicato denuncia que caso da Asolar reflete a condição dos terceirizados - Reprodução

O eletricista Lucas Ezequiel Pereira, de Unaí, trabalhou por quase um ano para a Asolar, empresa espanhola que prestava serviços à Cemig. Em maio, ele foi demitido, mas não recebeu seus direitos, tendo que recorrer à Justiça. Atualmente, está desempregado, fazendo bicos para garantir o sustento. Além dele, cerca de 400 trabalhadores foram afetados pelo mesmo problema.
A Asolar descumpriu o contrato com a Cemig e abandonou os serviços sem avisar que fecharia as portas, deixando para trás uma dívida de cerca de R$ 1 milhão. A Cemig informa que abriu processo administrativo contra a Asolar e que busca intermediar um acordo entre os sindicatos.
Ao todo, 137 trabalhadores fecharam acordo com a empresa espanhola. “Os demais não aceitaram, pois não confiam na empreiteira, sabem que ela não cumpre com os compromissos”, relata Willian Franklin, diretor do Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro-MG).
Terceirização
Para Willian Franklin, o caso da Asolar reflete a condição dos terceirizados da Cemig. “A Cemig vem arrochando as empreiteiras, revendo contratos, diminuindo valores. A empreiteira, por sua vez, repassa o ônus para as costas dos trabalhadores”, comenta.
TRE suspende demissões da Cemig
Uma liminar do TRT suspendeu as demissões de trabalhadores diretos da Cemig, efetuadas no mês de junho. Agora, a empresa está emitindo boleto para a devolução das verbas rescisórias, com o desconto do salário do mês e prazo de validade até 1º de agosto.
De acordo com a Cemig, as demissões ocorreram em função do momento econômico do país, que gera dificuldades na saúde econômico-financeira da empresa. Além disso, teriam sido demitidos apenas empregados com mais de 35 anos de contribuição ao INSS ou que estavam aposentados, com pelo menos 30 anos na empresa e 55 de idade.
O diretor do Sindieletro-MG, Arcângelo Queiroz, explica que a Cemig havia implantado um Plano de Desligamento Voluntário, mas trabalhadores que não aderiram ao plano foram desligados. “Eles se programaram para não se aposentar e foram pegos desprevenidos. Além disso, o atual presidente, Mauro Borges, assumiu o compromisso de não demitir mais ninguém por idade, mas não cumpriu”, afirma. 

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