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Eleições

Candidatos à PBH repetem promessas de Lacerda para a saúde

Agentes Comunitárias de Saúde não ganham nem o salário mínimo

Belo Horizonte |
“Maioria das Agentes de Saúde são mulheres que recebem menos que o salário mínimo”, denuncia sindicalista
“Maioria das Agentes de Saúde são mulheres que recebem menos que o salário mínimo”, denuncia sindicalista - Denis Dias

Diz o povo que “saúde é tudo” e “mais vale boa saúde do que bolso cheio de dinheiro”. Recente pesquisa do Ibope apontou que, nas 26 capitais brasileiras, o tema é, com folga, o principal motivo de preocupação dos eleitores. Em BH, 52% consideram a saúde a área na qual a população enfrenta os maiores problemas, à frente da segurança (14%), educação (7%) e corrupção (6%), entre outras.
Não por acaso, em seus planos de governo (disponíveis no link: migre.me/uZ2iw), todos os candidatos a prefeito da capital prometem melhorar e ampliar o atendimento na saúde. O Brasil de Fato comparou algumas dessas propostas com o que foi prometido pelo vencedor da última eleição.

Trabalhadoras da saúde
“Durante a gestão de Marcio Lacerda, a relação foi muito ruim. Não há espaço de participação para definir o processo de trabalho, as decisões são verticais, a insatisfação dos trabalhadores e o índice de adoecimento estão muito altos”, critica Bruno Pedralva, médico e presidente do Conselho Municipal de Saúde.
Em situação mais precária estão Agentes Comunitárias de Saúde (ACSs) e Agentes Comunitárias de Endemias (ACEs). “A maioria das ACSs são mulheres que recebem menos que o salário mínimo. Em dezembro de 2016, com reajuste de 6,5%, o salário delas vai para R$ 835. Já as ACEs, embora venham a ganhar R$ 1071, ficam abaixo do piso salarial nacional. E, apesar de estarem lotadas na Secretaria Municipal de Saúde, elas são celetistas e não têm plano de carreira”, explica Israel Arimar, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel).
O candidato Délio Malheiros (PSD) disse que vai valorizar os ACSs e ACEs; Vanessa Portugal (PSTU) defende jornada de 30 horas e valorização dos trabalhadores; Rodrigo Pacheco (PMDB) e Sargento Rodrigues (PDT) prometem valorizar os servidores e melhorar as condições de trabalho; Marcelo Álvaro Antônio (PR) afirma que vai democratizar as relações de trabalho.

Poucos equipamentos, muitas promessas
Na campanha de 2012, o então candidato à reeleição, Marcio Lacerda (PSB), prometeu criar 50 novas academias da cidade, mas construiu 15. O equipamento agora é prometido por Eros Biondini (PROS), Sargento Rodrigues e Rodrigo Pacheco.
Lacerda prometeu 19 novos centros de saúde e entregou três. Em 2016, João Leite (PSDB), Eros, Marcelo Álvarao (PR) e Vanessa prometem ampliar o número de unidades.
Lacerda prometeu ampliar de quatro para 11 o número de consultórios de rua, mas nenhum novo consultório foi criado. A candidata Maria da Consolação (PSOL) defende a ampliação dos consultórios para todas as regionais da cidade.
Lacerda prometeu criar quatro novos Centros de Referência de Saúde Mental – Álcool e Drogas (CERSAMs AD) e dois CERSAMs para adolescentes, mas foi implantado apenas um no Barreiro e outro na região Nordeste. A ampliação dos centros agora é prometida por Eros, Vanessa, Maria da Consolação, Marcelo, Rodrigues e Kalil.
Outra promessa foi a inauguração do Hospital Metropolitano Célio de Castro, no Barreiro. A inauguração estava prevista para 2012, mas só ocorreu em dezembro de 2015. “Teve atraso, denúncias de superfaturamento e ainda está com capacidade reduzida para atender, o que leva a crer que foi inaugurado por puro interesse eleitoral, já que nem tinha verba suficiente para funcionar”, comenta Bruno Pedralva. Agora, os candidatos Kalil, Eros, Rodrigo Pacheco, Vanessa e Sargento Rodrigues prometem colocar o hospital em pleno funcionamento.

SUS em risco
O médico Bruno Pedralva alerta para o fato de que a saúde pública está ameaçada pelas medidas que o governo não eleito de Michel Temer (PMDB) promete implementar. “É preciso lembrar que o SUS está em risco. O ministro da saúde defende ampliar a Desvinculação das Receitas da União, permitindo que recursos da saúde sejam usados para outros fins, e a PEC 241, que vai congelar gastos com saúde por 20 anos”.
Para protestar contra essa situação, entidades vinculadas à saúde pública organizam um ato em todo o país, no dia em que se comemoram os 26 anos da Lei Orgânica do SUS.               

Ato Nacional em Defesa da Saúde Pública Brasileira

Onde: Praça Sete de Setembro, BH.

Quando: segunda-feira, 19 de setembro, às 17h.

 

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