Paraná

Consciência Negra

Danças de matrizes africanas fortalecem o enfrentamento ao racismo em Curitiba (PR)

As aulas de dança afros também contribuem para o fortalecimento das identidades negras

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

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Aulas de Priscilla Pontes na Casa Hoffmann: muito joelho, braços, pés descalços e musicalidade
Aulas de Priscilla Pontes na Casa Hoffmann: muito joelho, braços, pés descalços e musicalidade - Deivison Souza

Quem passa pela Feira do Largo da Ordem pode se deparar com os movimentos corporais de um grande grupo de pessoas em aula na Casa Hoffmann. A professora tem pele negra, um imponente cabelo afro e move o corpo marcando o tempo dos passos com os pés descalços. O local, voltado a receber as diversas manifestações artísticas, sedia também o projeto Pontes Móveis: especialmente às sextas-feiras e em alguns domingos, as danças oriundas de matrizes africanas multiplicam o enfrentamento ao racismo e fortalecem a visibilidade das presenças negras na cidade.

As aulas são ministradas pela bailarina Priscilla Pontes, que iniciou seu percurso ainda na infância, em uma igreja. Ao estudar o balé clássico no centro de Curitiba, passou a adentrar outros universos artísticos e culturais, tal como os grupos de maracatu. “A dança é uma ferramenta importante porque lida muito diretamente com nosso corpo. E é no corpo, também, que estão as marcas do racismo”, analisa a professora. Como tema central de suas pesquisas, ela estuda as presenças negras na dança afro – conceito que envolve um campo amplo de manifestações corporais, plural e diverso, e inclusive as culturas populares.  

Em comunidade

O primeiro professor de dança de Priscilla Pontes foi o educador Demerval Silva. Ele se interessou pelos ritmos africanos e começou a dançar quando morava em Salvador. Anos depois, uma apresentação em Curitiba, no Teatro da Reitoria, estimulou Demerval a ficar por aqui. Foi quando decidiu estudar dança na Faculdade de Artes do Paraná. “A dança afro contribui para mostrar a cultura, a religião e os costumes dos povos negros. Também fortalece o empoderamento dos afrodescendentes, ao mostrar a importância da resistência cultural e da luta”, explica. 

Quem quiser conhecer a prática pode frequentar o curso gratuito que Demerval ministra na sede do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc). Todos os sábados, das 14h às 15h30, as aulas ensinam aos participantes a prática de movimentos como o makulelê, a puxada de rede, o samba de roda e a dança dos orixás. O endereço é rua Monsenhor Celso, 225, centro de Curitiba. 
 

Edição: Ednubia Ghisi