Investigação

PF aponta indícios de que Aécio usava celulares de laranjas para ligações sigilosas

Telefones apreendidos no apartamento do senador tucano, segundo peritos, estavam em nome de um agricultor e um montador

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Aécio Neves voltou ao senado em outubro, após afastamento
Aécio Neves voltou ao senado em outubro, após afastamento - Jonas Pereira /Agência Senado

A Polícia Federal (PF) elaborou um relatório, no qual aponta que, depois de análise de objetos encontrados e apreendidos no apartamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG), no Rio de Janeiro, em 18 de maio, o tucano usava dois celulares com linhas telefônicas supostamente registradas em nome de laranjas para fazer ligações sigilosas.

O advogado Alberto Toron, responsável pela defesa de Aécio, afirmou que não poderia comentar as conclusões do relatório da PF porque não teve acesso ao documento. Além disso, o criminalista destacou que, “para responder qualquer coisa”, teria que consultar o cliente dele. “Eu não tive acesso ao documento. Para responder qualquer coisa, teria que consultar Aécio para ter meios de responder. Sem falar com ele, é absolutamente impossível responder qualquer coisa a esse respeito”, disse Toron.

De acordo com a perícia da Polícia Federal, “aparelhos celulares simples” foram encontrados pelos agentes na sala de TV e no closet do apartamento de Aécio localizado no bairro de Ipanema. Na ocasião, policiais federais cumpriram, simultaneamente, mandados de apreensão em endereços ligados ao parlamentar tucano na capital fluminense, em Brasília e em Minas Gerais.

Segundo a perícia da PF, entre as dezenas de itens recolhidos pelos policiais no imóvel do senador tucano, estavam um celular Nokia e outro LG.

Para identificar quem eram os proprietários das duas linhas móveis disponíveis nos celulares encontrados na casa de Aécio, a Polícia Federal teve que solicitar os dados às operadoras de telefonia TIM e Vivo. As empresas, então, informaram que os telefones pré-pagos estavam registrados em nome de duas pessoas diferentes: Laércio de Oliveira , agricultor que trabalha no cultivo de café em fazendas do interior de Minas; e Mitil Ilchaer Silva Durao, montador de andaimes com endereço registrado no Espírito Santo

A perícia ressaltou que Laércio de Oliveira “é uma pessoa simples, agricultor de café que, em tese, não pertence ao convívio social” de Aécio, sugerindo que, por esse motivo, os dados pessoais do agricultor podem “ter sido usados para habilitação da linha sem o seu consentimento”.

Além das duas linhas telefônicas registradas em nome de Oliveira e Durao, os peritos da PF descobriram que um dos aparelhos já havia sido registrado em nome de pessoas que tinham vínculos empregatícios com a irmã de Aécio, a jornalista Andréa Neves. Valquiria Julia da Silva trabalha como empregada doméstica de Andréa Neves desde 2009, e Agnaldo Soares atuou como motorista da irmã de Aécio no ano passado.

Braço direito do parlamentar do PSDB, Andréa chegou a ser presa por ordem do STF por suspeitas de que ela tenha pedido dinheiro para Joesley Batista, mas, posteriormente, foi autorizada pela Segunda Turma do tribunal a cumprir prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica.

O relatório da PF observa que os titulares das linhas telefônicas identificadas nos celulares apreendidos são “pessoas simples” e que não se pode “descartar a possibilidade” de terem sido habilitadas “sem o consentimento deles”. O perito responsável pelo parecer também chama a atenção de que os últimos registros de ligações realizadas por aqueles aparelhos “não denotam ser de pessoas de convívio social de assinantes daquelas linhas”. “Como visto, os itens analisados [os dois aparelhos celulares] podem representar importância para a investigação, mas sugere a devolução dos objetos analisados haja vista haver cópia pericial em mídia específica”, conclui o perito da Polícia Federal.

Além dos celulares, a Polícia Federal apreendeu na residência de Aécio, no Rio de Janeiro, 16 obras de arte, entre as quais uma tela supostamente pintada pelo artista plástico Cândido Portinari, e uma escultura. O motorista da família de Aécio, conforme o documento, foi designado pela PF como fiel depositário do acervo de obras de arte do senador tucano.

 

(*) Com informações do G1.

Edição: Revista Fórum