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Opinião

Artigo | Cem anos sem Rosa Luxemburgo, um ano sem Marielle Franco

Entre 1919 a 2019, ambas (e várias outras mulheres em marcha) foram assassinadas covardemente por homens

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Tanto Rosa Luxemburgo quanto Marielle Franco buscam romper com a dominação capitalista e patriarcal
Tanto Rosa Luxemburgo quanto Marielle Franco buscam romper com a dominação capitalista e patriarcal - Foto: Reprodução

A violência do patriarcado não fará com que a memória das mulheres que lutam pela liberdade e pela democracia se apague.
O que poderia ter em comum a história de Rosa Luxemburgo e de Marielle Franco?
Rosa Luxemburgo em sua jovem militância é reconhecida por ser uma das maiores autoras marxista. Defensora da democracia e da liberdade, lutou contra uma Alemanha militarista e os dilemas da primeira guerra mundial. Construiu o Partido Social Democrata da Alemanha PSD e a Liga Espartaquista. Sua trajetória pública a fez ter inimigos poderosos, o encarceramento e por fim seu assassinato arquitetado dentro da estrutura do Estado. Rosa foi brutalmente assassinada por suas ideias.
Marielle Franco é reconhecida por sua liderança política no Rio de Janeiro e ganhou projeção nacional pela sua votação ao atingir mais de 50 mil votos para a vereança da capital fluminense. Mulher, negra, feminista e lésbica lutava também pela democracia e pela liberdade. Sua atuação na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro e nas periferias era atacado pelas milícias. Foi ardorosa defensora dos direitos humanos e contrária a intervenção militar.
Os discursos históricos de Rosa Luxemburgo contra a guerra traziam como palavra de ordem que o povo não deve matar o seu próprio povo. Afirmava que soldados também são trabalhadores e deveriam ficar ao lado dos trabalhadores independente da nacionalidade. Marielle Franco por sua vez passou seus últimos anos escrevendo sobre a violência policial e a necessidade de garantir a paz para que a polícia não se torne vítima da opressão promovida pelo próprio Estado.
São duas lideranças políticas a lutar cotidianamente em um mundo comandado pelos homens. Tanto Rosa Luxemburgo quanto Marielle Franco buscam romper com a dominação capitalista e patriarcal. Suas ideias reafirmam o ideário de que não há socialismo sem democracia, e não há democracia sem socialismo. Socialismo e democracia se fundamentam na diversidade, instaurando uma nova ordem de sociedade livre.
Entre 1919 a 2019, Rosa e Marielle (e várias outras mulheres em marcha) foram assassinadas covardemente por homens, em situações parecidas. Tiros de forma violenta e covarde marcam um cenário de impunidade e traz estes crimes como resultado do medo. Marielle Franco é desqualificada por ser mulher e lutar pelos direitos humanos, assim como Rosa Luxemburgo por lutar por uma sociedade justa, igualitária e livre.
Em suma, morreram pelos seus ideais e por serem mulheres.
O que está por trás da narrativa de deslegitimar o feminicídio? De esvaziar o diálogo sobre o papel da mulher na política? Por que há tantos homens na política? O que faz com que tenhamos ainda pouca visibilidade da luta feminista?

Edição: Elis Almeida