Minas Gerais

VIGILÂNCIA

Barragens em Sarzedo (MG) também correm risco de rompimento

População da cidade pressiona para que Itaminas instale sirenes nos bairros ameaçados

Belo Horizonte |
Em audiência pública, ficou constatada a ausência de estudos e protocolos de resgate das 4 mil pessoas em risco
Em audiência pública, ficou constatada a ausência de estudos e protocolos de resgate das 4 mil pessoas em risco - Prefeitura de Sarzedo

Os impactos do rompimento da barragem da Vale em janeiro continuam assustando moradores do entorno de projetos de mineração. Bem próximo a Brumadinho, Sarzedo é uma das cidades banhadas pelo rio Paraopeba e onde moravam muitos dos trabalhadores que foram soterrados pela lama. A população da cidade, depois da tragédia na região, intensificou a luta pela paralisação das barragens da mineradora Itaminas, que há 59 anos explora minério de ferro no município.

A desconfiança em relação à segurança dos empreendimentos aumentou: em audiência pública realizada no dia 4 de fevereiro, a mineradora falhou em elucidar as dúvidas sobre a estabilidade das barragens B1, B2 e B4. Ficou constatada também ausência de documentação básica de estudos e protocolos para o caso de rompimento. A Polícia Militar de Meio Ambiente havia realizado uma diligência na área da Itaminas e foi detectado que os instrumentos de controle e de medição necessários para controlar a estabilidade e segurança das barragens estavam danificados.

“Em caso de rompimento, seria um massacre. A zona de auto-salvamento tem uma população de mais de 4 mil pessoas, dos bairros Santa Rosa de Lima, Brasília e Riacho da Mata. E a Itaminas não instalou sequer uma sirene na cidade.  A lama de rejeitos chegaria em seguida no Paraopeba, uma segunda morte do rio”, alerta Henrique Lazarotti, advogado que atua na região do Médio Paraopeba.

Atividades paralisadas

Diante desse quadro de ausência de documentos básicos e de risco para a população, a Justiça paralisou as atividades dessas barragens até que sejam dadas todas as garantias exigidas por lei. No entanto, auditoria contratada pela Itaminas diz que é inviável “a operacionalização de planos de contingência e resgate”.

Henrique Lazarotti afirma que os moradores estão preocupados, mas também mobilizados. “A população aceita que a Itaminas opere a seco, mas não aceita mais bombas-relógio acima de suas cabeças. Exigem que se faça o descomissionamento destas barragens e que sejam instaladas sirenes em todos os bairros ameaçados. Não querem o destino de Brumadinho”, conclui.

Edição: Joana Tavares