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Diferenças

Brasil sofre corte na educação, Cuba zera analfabetismo e investe em pesquisas

Cônsul geral da ilha participou de roda de conversa na Assembleia de Minas e apresentou dados sobre o país

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Pedro Monzón Barata esteve presente na ALMG na manhã desta terça (14)
Pedro Monzón Barata esteve presente na ALMG na manhã desta terça (14) - Foto: Ariane Silva

“Não existe país desenvolvido neste mundo que não tenha se desenvolvido a partir da educação. A educação é base para o desenvolvimento econômico, de forma geral, e para a própria unidade do povo, unidade nacional, para o reforço da identidade nacional”, afirmou Pedro Monzón Barata, Cônsul Geral de Cuba, do Consulado de São Paulo.

Presente em uma roda de conversa na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta terça (14), Pedro compartilhou aspectos históricos sobre a ilha socialista, o processo revolucionário e os desafios vividos frente ao embargo econômico imposto pelos Estados Unidos e acirrado no governo de Donald Trump. A atividade foi organizada pelo mandado da deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT).

A educação cubana foi o principal assunto debatido, frente ao contexto do corte de 30% do orçamento das universidades públicas anunciado pelo governo Bolsonaro na última semana. Em Cuba, a educação é totalmente gratuita e universal, e um exemplo mundial das melhores práticas em educação.

Em 2015, o Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), apontou que o país foi o único da América Latina e Caribe a alcançar todos os objetivos mensuráveis de educação. Esse relatório expressou o compromisso assinado por 164 países em garantir cuidados na primeira infância, na educação primária universal, alfabetização de adultos e igualdade de gênero.

Pedro explica que a educação de Cuba é um sistema completo, que abrange desde o ensino infantil à pesquisa. Em sua avaliação, é uma educação de alta qualidade, massiva, que alcança todo o povo cubano. “O nível acadêmico, em particular o nível das universidades, é muito alto. Isso tem sido demostrado na maioria das profissões, como medicina, engenharia, matemática, física, ciências sociais. É uma universidade [se referindo ao modelo] literalmente democrática”, avalia.

De acordo com o Granma, órgão oficial do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, em 2018, as principais despesas do Estado dizem respeito a atividades essenciais, entre as quais aparece a educação. “A educação é uma prioridade estatal e social em Cuba, evidenciada pelo fato de que neste ano, por exemplo, 23,7% do orçamento é dedicado ao financiamento de um sistema educacional coerente, para o qual a luta constante por elevar a qualidade é um desafio extraordinário”, disse Ena Elsa Velázquez Cobiella, ministra da Educação de Cuba em fevereiro deste ano na abertura do Congresso Pedagogia 2019, em Havana.

Números que impressionam

Em Cuba, o analfabetismo praticamente zerou um ano após o triunfo da revolução, que aconteceu em primeiro de janeiro de 1959. De acordo com informações do Ministério da Educação de Cuba, em 1961 se desenvolve uma campanha nacional de alfabetização como parte da etapa inicial de trabalho destinada a resolver as grandes carências e insuficiências herdadas historicamente. Segundo Pedro, antes da revolução, 40% da população cubana era considerada analfabeta absoluta.

Atualmente, conforme o Granma, a taxa de analfabetismo chega a 0,2% medido pelo Censo Populacional e Habitacional de 2012. O método de alfabetização cubano Yo, si puedo, no Brasil traduzido como “Sim, eu posso” foi utilizado em diversos países do mundo e já contribuiu com a alfabetização de mais de 10,6 milhões de jovens e adultos.

Pesquisa

Em 15 de janeiro, se comemora o dia da ciência cubana. A prática científica e a inovação também estão na lista das prioridades do país. As pesquisas têm o objetivo de melhorar concretamente a vida da população e, por isso, ganham destaque aquelas relacionadas à saúde.

Pedro conta que seu país tem um nível altíssimo de desenvolvimento em pesquisas na área de biotecnologia e imunologia. “Em Cuba se estabelece um vínculo direto entre a universidade, os centros de pesquisa e a produção. Temos experiências como a da biotecnologia, que é um círculo fechado, que vincula toda a instituição, desde a produção da ideia até a comercialização do produto”, ressalta.

Em Cuba, existem 37 Entidades de Ciência, Tecnologia e Inovação ligadas ao sistema nacional de saúde.

 

Edição: Joana Tavares