Paraná

Alimento saudável

Oficina da Jornada de Agroecologia inicia Implantação de horta urbana em escola

Formação sobre horta comunitária destaca a importância da agricultura urbana visando a soberania alimentar

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
 70% da comida que os trabalhadores comem é produzida pela agricultura familiar, e não pelo agronegócio.
70% da comida que os trabalhadores comem é produzida pela agricultura familiar, e não pelo agronegócio. - Kanova e Tais Carolla

Um esqueleto de horta, com sulcos na terra seca, ainda é visível no terreno que fica nos fundos do Centro de Educação Infantil Maria Cazeta, no bairro Uberaba, em Curitiba. Na manhã deste sábado, 31 de agosto, as professoras da escola se reuniram no amplo, ensolarado e colhedor espaço pedagógico, que recebe crianças do berçário ao pré, para pensar e planejar a reativação de um projeto já iniciado: a transformação de espaços vazios no terreno em hortas urbanas.

A oficina sobre horta comunitária, parte da programação da Jornada de Agroecologia, foi possibilitada por uma parceria com o Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA). Folhosas, ervas medicinais, temperos, frutosas, tubérculos. Tudo pode ser plantado na terra, que será preparada com os princípios do cultivo agroecológico, com compostagem.

Para Juan Carlos Araújo, do CPRA, uma horta urbana na escola possibilita às crianças saberem de onde vem o alimento que estão comendo. “Hoje elas não têm esse vínculo com a produção. Elas vão ao mercado, não sabem o que estão comendo nem de onde vem”, disse Juan, que ministrou a oficina de formação ao lado da acampada Ana Santos, do MST, estudante de Direito que se formará neste ano na turma do Pronera da UFPR.

“A agroecologia é um processo de transformação da sociedade. As pessoas não sabem, mas 70% da comida que os trabalhadores comem é produzida pela agricultura familiar, e não pelo agronegócio”, explanou Ana, que explicou também a recente legislação da cidade de Curitiba que autoriza e incentiva as hortas urbanas em espaços vazios públicos e privados.

A iniciativa de construir a horta partiu da coordenação da própria escola, que pensa em criar espaços diferenciados de horta conforme a faixa etária das crianças. Da oficina, foi definida a data de realização do mutirão de preparo da terra e plantio das primeiras sementes: o reencontro com Juan, técnico em agroecologia do CPRA, está marcado para 12 de setembro.

O encontro deste sábado, na escola das crianças, teve a presença ilustre do seo Juca, que com 86 anos deu depoimentos sobre ter sido o primeiro a cuidar da horta naquele espaço. “Eu plantei muitas coisas para mostrar para as crianças. Feijão. Trigo. Algodão. É daqui que se faz roupa”, disse. Ele recomenda que não deve faltar uma carreira de cebolinha. “Mas o importante mesmo é o alface. E a couve”, indica.

O CEI Maria Cazzeta quer mais do que mostrar às crianças como os alimentos são cultivados e que sabor tem a comida sem veneno: a horta é o passo inicial de implantação do Projeto Girassol, que visa uma escola comunitária, com relacionamento com as famílias após essas crianças crescerem e seguirem rumo ao ensino fundamental.

   

  

Edição: Laís Melo