Minas Gerais

Protesto

Atingidos vão construir a primeira casa pós lama em distrito de Mariana (MG)

Construção faz parte da jornada de lutas “A Vale destrói, o povo constrói!”, que acontece de outubro a janeiro de 2020

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |

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Até agora, nenhuma casa foi levantada e entregue aos ex-moradores do distrito
Até agora, nenhuma casa foi levantada e entregue aos ex-moradores do distrito - Foto: Flávio Ribeiro/Portal Vértices

O rompimento da barragem da Samarco (Vale e BHP Billiton) na cidade de Mariana, já completa quatro anos em 5 de novembro. E o que parece inacreditável está acontecendo: até agora, nenhuma casa foi levantada e entregue aos ex-moradores de Bento Rodrigues, apesar da muita publicidade feita pelas mineradoras sobre o “primeiro tijolo das novas casas” ter sido colocado em julho deste ano.

Como forma de denúncia, essa deve ser a primeira ação de uma jornada de lutas do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB). Em outubro, eles prometem começar a construção de uma casa no distrito de Barra Longa, que foi afetado pelo rompimento da barragem de Fundão, em 2015. Esse é o ponto central do lema “A Vale destrói, o povo constrói”, adotado pela jornada de protestos.

A programação acontece de outubro a janeiro, marcando a data dos dois mais graves rompimentos de barragens que Minas Gerais já viu, o do Rio Doce – barragem da Samarco/Vale/BHP em Mariana – e o do Paraopeba – barragem da Vale em Brumadinho. Os atingidos denunciam a falta de punição aos responsáveis pelos rompimentos, que causaram a morte de 292 pessoas; e a atitude das mineradoras, que estão negando direitos básicos.

Atingidos convidam população

A divulgação e participação de pessoas que não foram atingidas é essencial, destaca a integrante do MAB, Soniamara Maranho. “É importante o envolvimento de toda a sociedade nesta jornada porque a mineração não afeta só as populações locais, ela destrói todas as condições para a nossa sobrevivência”, lembra. Por isso, Soniamara argumenta que mobilizar-se para esta pauta é um dever de todos.

Já no lançamento da jornada na noite de quarta (4), em Belo Horizonte, o movimento contou com o compromisso de apoio de diversas entidades, como o Sindágua, o Sindieletro, o Coletivo Alvorada, o movimento Levante Popular da Juventude, o coletivo Linhas do Horizonte, a Marcha Mundial das Mulheres, a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), o deputado federal Patrus Ananias (PT), a Arquidiocese de Belo Horizonte, o Movimento de Trabalhadores por Direitos (MTD), o SindUTE, o Sindicato dos Jornalistas, a Cáritas Regional Minas Gerais, Sindicato do Correios, DCE UFMG, Sindipetro e o Bloco Sou Vermelho.

Programação – Jornada de Lutas “A Vale destrói, o povo constrói!”

Início da construção da casa: Outubro, em Barra Longa

Encontro das Mulheres Atingidas por Barragens: 25 e 26 de outubro, em Belo Horizonte

Encontro dos Atingidos e Atingidas: 3 a 5 de novembro, Mariana

Festival Cultural da Água “Pelos Rios, Pela Água e Pela Vida!”: 6 de dezembro, em Belo Horizonte

Marcha dos Atingidos e Atingidas: 20 a 25 de janeiro de 2020, de Pompéu a Brumadinho

Edição: Elis Almeida