Minas Gerais

Uberlândia

Cortes do MEC deixam estudantes da UFU sem investimento e trabalhadores sem emprego

Demissões em massa, fim de bolsas, falta de transporte e serviços são alguns dos impactos já sentidos pela instituição

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |

Ouça o áudio:

Universidade fechará 2019 com déficit de R$ 30 milhões
Universidade fechará 2019 com déficit de R$ 30 milhões - Foto: Divulgação

A Universidade Federal de Uberlândia (UFU), no triângulo mineiro, atende diariamente mais de 21 mil alunos, somente nos cursos de graduação. Os estudantes de agronomia, direito, medicina entre outros, circulam pelos campi da universidade, que ficam nas cidades de Uberlândia, Monte Carmelo, Patos de Minas e Ituiutaba. Melhor dizendo, circulam parcialmente. 

Isto porque com o corte de quase 30% no orçamento da universidade -- imposto pelo Ministério da Educação em abril deste ano --, as linhas de transporte que atendiam gratuitamente a comunidade universitária não estão funcionando mais. O transporte intermunicipal foi totalmente cortado e o de dentro de Uberlândia só circula com 30% da frota.

O orçamento previsto para a universidade em 2019 era de R$ 1,07 bilhão. Deste total, R$ 924 milhões é destinado para despesas com pessoal e encargos. Ficando apenas R$ 147 milhões para arcar com a manutenção e investimentos na instituição ao longo do ano. E foi justamente deste montante que o governo federal cortou. Foram contingenciados R$ 42,7 milhões, o equivalente a quase um terço do recurso.

O corte foi anunciado pelo governo após o início do ano letivo, ou seja, a administração da universidade já havia previsto a alocação do recurso aprovado pela Lei Orçamentária Anual (LOA), em 2018.

Durante audiência pública, realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, na última quarta-feira (25), o pró-reitor de Planejamento e Administração da instituição, Darizon Alves de Andrade, afirmou que caso o contingenciamento seja mantido, a universidade fechará o ano com um déficit financeiro de R$ 30 milhões. “Não temos absolutamente nenhuma condição de arcar com uma redução desse tamanho", alertou.

Bianca Martins, coordenadora geral do Diretório Central dos Estudantes da UFU, destaca que além de prejudicar o funcionamento da instituição, o corte do MEC também impactou diretamente a vida dos estudantes.

Cerca de 60% das bolsas de estágio da instituição foram cortadas. Além disso, desde fevereiro, a universidade também arcava com parte do pagamento das bolsas oferecidas pela Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapemig). Já que a fundação também sofreu uma queda em sua arrecadação com o corte imposto pelo governador Romeu Zema (Novo) já no começo de sua gestão.

Sem recursos, a UFU não pode mais arcar com o déficit deixado pela Fapemig, o que resultou em mais cortes de bolsas. "A gente tem construído diversas lutas, debates e mostras científicas para dialogar com a população e mostrar a importância do que é produzido na universidade, inclusive para a comunidade externa, como o atendimento no Hospital das Clínicas e a assessoria jurídica, por exemplo”, lista Martins.

Trabalhadores sem emprego

Além do corte de estagiários, metade dos 1.800 trabalhadores terceirizados, que prestavam serviços de limpeza, jardinagem, manutenção elétrica, etc, também foram demitidos.

Para o coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação de Uberlândia (SINTTEC), Mário Costa de Paiva Guimarães Júnior, o corte reflete em sucateamento da universidade e do município.

"Desde 1998, o estado não faz concurso para esses cargos, então, com as demissões em vários setores que dão estrutura para a universidade funcionar, estão operando apenas com metade da sua força. Isso traz maior precarização para os que continuam empregados além de gerar um impacto social enorme para a cidade, engrossando a fila do desemprego e afetando diretamente a economia”, pontua.

Edição: Elis Almeida