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Em Minas Gerais, petroleiros entram em greve geral a partir deste sábado (26)

Desde maio trabalhadores tentam negociar garantia de direitos com a empresa

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |

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Sindicato também denuncia que a direção da empresa tem assediado os trabalhadores
Sindicato também denuncia que a direção da empresa tem assediado os trabalhadores - Foto: Mídia Ninja

Trabalhadores da Refinaria Gabriel Passos, em Betim e da Usina Termelétrica Aureliano Chaves, em Ibirité, vão cruzar os braços a partir das 7 horas da manhã deste sábado (26). Cerca de 70% do quadro de funcionários em Minas Gerais aprovaram a adesão à greve nacional. A decisão da categoria foi divulgada no último dia 22, após uma intensa tentativa de negociação com a empresa por melhorias para os trabalhadores.

Desde maio os petroleiros tentam aprovar o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), sistematicamente rejeitado pela empresa. A categoria denuncia que diversos direitos já vem sendo retirados, como o fim de programas educacionais e do pagamento de adicionais e a imposição de reajuste no preço dos planos de saúde. Na contraproposta da direção ao ACT, a empresa propõe aos trabalhadores a implementação de jornadas de 12 horas de trabalho e da substituição do pagamento de horas extras por um banco de horas, além de um reajuste salarial abaixo da inflação.

Na avaliação de Felipe Pinheiro, diretor do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais - Sindipetro MG, o sucateamento da empresa e a precarização das condições de vida dos trabalhadores são o aval para a privatização da empresa. “Esse processo todo de retirada de direitos e rebaixamento salarial está dentro de um plano maior de preparação da empresa para a venda. A nossa greve, embora esteja no bojo da luta pela aprovação do ACT, se insere dentro de uma luta maior que é contra a privatização da empresa” pontua.

Petrobras já está sob desmonte

Além da precarização das condições de trabalho, os petroleiros também denunciam que a empresa está fechando e privatizando unidades em todo o país, e,  consequentemente acabando com postos de trabalho. A Refinaria Gabriel Passos, em Minas Gerais é uma das oito na lista das que vão ser rifadas pelo governo federal. Além das refinarias, o Sindipetro afirma ainda que a empresa também têm vendido plataformas e fábricas de fertilizantes.

A Usina de Biodiesel Darcy Ribeiro, em Montes Claros, e as termelétricas de Juiz de Fora e de Ibirité também estão sob risco.  “A nossa luta também é para que a Petrobras não se torne uma nova Vale. Porque todo o setor de óleo e gás é um setor industrial que envolve grande risco. Se não tiver em boas condições de trabalho e segurança, com investimentos e manutenção constantes, vira uma bomba relógio para os trabalhadores e para a comunidade do entorno” denuncia Pinheiro.

Trabalhadores denunciam assédio

Além da intransigência em negociar com a categoria, o sindicato também denuncia que a direção da empresa tem assediado os trabalhadores. De acordo com o sindicato na Regap, há setores inteiros sendo desmobilizados e trabalhadores transferidos para outras unidades da empresa no país, além de três Programas de Demissão Voluntária abertos com o objetivo de reduzir o quadro de pessoal.

Situação que têm agravado a saúde mental dos petroleiros. Filipe Pinheiro denuncia que durante a assembleia para aprovação da greve, gerentes foram orientados a participar da audiência para tentar boicotar a adesão dos trabalhadores. “Muitos trabalhadores estão se afastando por atestados psiquiátricos. Os gerentes estão pressionando os petroleiros contra a greve. A direção da empresa está agindo de diversas formas para nos desmobilizar, através do medo e da ameaça”

Edição: Elis Almeida