Minas Gerais

CAMPANHA

Janeiro Marrom é um alerta sobre os impactos da mineração

Idealizada por movimentos e entidades ambientalistas, a iniciativa marca um ano do crime da Vale em Brumadinho

Belo Horizonte |

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A cidade de Brumadinho, em Minas Gerais, foi coberta por 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos
A cidade de Brumadinho, em Minas Gerais, foi coberta por 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos - Marcelo Cruz

“Levaram primeiro o ouro e não fizemos nada; depois, as pedras preciosas, e também não fizemos nada. Agora levam nosso minério e, de quebra, nosso passado e nossa identidade. Olhem bem as montanhas. Elas são Minas. Elas são nossa ancestralidade. Estavam aqui muito antes de nós. Não deveria haver dinheiro que comprasse o que faz parte da alma de um povo. Não deveria. E nenhum povo deveria aceitar vender sua alma”. Com essas palavras da escritora Elisa Santana, foi lançada, neste mês, a campanha Janeiro Marrom, para alertar sobre a mineração e lembrar um ano do crime da Vale em Brumadinho.

A iniciativa, que converge diversas entidades ambientalistas e movimentos populares, pretende inserir no calendário anual de campanhas – como o Outubro Rosa – a luta por justiça para os atingidos e em defesa das comunidades, biomas, nascentes e rios ameaçados pela atividade minerária.

Por meio das redes sociais, o Janeiro Marrom é uma articulação que divulgará materiais que reúnem dados, informações e reflexões sobre os impactos e violações de direitos, assim como a atuação dos órgãos competentes. Internautas podem colocar a campanha em sua foto no Facebook, procurando por "Janeiro Marrom" dentre os temas para fotos de perfil.

Para Maria Teresa Corujo, do Movimento pelas Serras e Águas de Minas (MovSAM), a campanha é importante para a sociedade, pois existem riscos de novos rompimentos. “Não se vê por parte das autoridades uma ação eficaz para a prevenção. Temos regiões como Itabira e o Alto Rio das Velhas, Paracatu e alguns territórios em Minas que têm barragens com uma quantidade enorme de pessoas no entorno".

A ambientalista lembra das cidades de Itabira, que tem cerca de 10 mil pessoas na Zona de Autossalvamento das 17 barragens de rejeito da Vale, e no Alto Rio das Velhas, mais de 50 barragens de rejeitos. "Se romperem, descem pelo Rio das Velhas e inviabilizam o abastecimento de água de mais de dois milhões de pessoas”, explica.

A campanha também irá divulgar eventos, como a 1ª Romaria Arquidiocesana pela Ecologia Integral a Brumadinho. Entre os dias 20 e 25 de janeiro, movimentos populares e moradores atingidos realizarão diversas atividades para marcar um ano do rompimento da barragem em Córrego do Feijão. Para saber mais sobre a campanha, acesse janeiromarrom.com.br.

Edição: Elis Almeida