Rio Grande do Sul

Cinema

Aos 60 anos, roteirista gaúcho lança campanha para financiar seu 1º curta de ficção

Paulo Ricardo de Moraes, o Paulinho Baiano, escreveu há 15 anos o roteiro de “A um Gole da Eternidade”

Porto Alegre |
Paulo Ricardo de Moraes também é poeta e escritor
Paulo Ricardo de Moraes também é poeta e escritor - Divulgação

O jornalista, escritor, poeta e roteirista Paulo Ricardo de Moraes, o Paulinho Baiano, encara um novo desafio: a produção do filme “A um Gole da Eternidade”, cujo roteiro ele escreveu há 15 anos. Para arrecadar recursos financeiros para a produção do curta-metragem, lançou  uma campanha de financiamento coletivo no site Catarse. A previsão é que “A um Gole da Eternidade” seja rodado em  março de 2020, em Porto Alegre (RS).

“A produção do curta-metragem é um processo de afirmação política, cultural e estética negra. A equipe do filme contará com 90% de atores e atrizes negrxs [sic] atuantes no cenário gaúcho. A ação faz toda a diferença, tanto para contar a história como para afirmar um lugar e espaço de representatividade de pessoas/profissionais negrxs [sic] que atuam com cinema”, destaca a nota de divulgação da campanha.

Segundo Baiano, este é o momento de realização de um sonho, aos 60 anos: “Não imaginam a minha felicidade em saber que existe a possibilidade de fazer esse filme, escrito em 2004. Até pareço uma criança chorando ao ganhar um presente. Fico muito emocionado em ter esses jovens ao meu lado, acreditando no projeto. Vai dar certo. Já deu certo. Já tiramos da gaveta”, diz, com os olhos marejados de alegria.

Incentivada pela filha, a cineasta e jornalista Camila de Moraes, a campanha começou neste mês de dezembro e tem  término previsto para fevereiro de 2020. “Conseguimos reunir uma galera muito boa para abraçar essa causa. Uma produção de um cara negro com mais de 60 anos, realizando uma obra de ficção. Quem ganha esse presente somos nós, a população brasileira. É um roteiro incrível, os personagens são envolventes. E o mais legal desse processo é que na medida que íamos conversando com os profissionais sobre o filme, todos aceitavam o convite, por conhecer a trajetória do meu pai de militância e ativismo cultural. Novamente estamos com a parceria da Produtora Praça de Filmes e boa parte da equipe do nosso documentário “O Caso do Homem Errado” está envolvida. Estamos juntos, pois acreditamos que o cenário gaúcho também merece conhecer essas outras narrativas, o nosso olhar negro para contar histórias”, diz Camila de Moraes.

A Trama do Curta

O que aconteceria se fosse capaz de parar o tempo em uma determinada época da vida? Esse é o questionamento de Feitio de Dança que, após a perda de mais um amigo, começa a refletir sobre a importância de estar vivo. Frequentador assíduo de um bar, Feitio de Dança tem nesse local tudo o que ama, bebida e amigos. Porém, com o passar dos anos, percebe que o espaço está ficando cada vez mais vazio, assim como o seu peito e a vontade de viver. O amigo Hollywood já não está mais entre eles, bem como outros que não lhe saem do pensamento. Cirrose está pela “bola 7”. Então, acompanhado de sua filha Quênia e do mendigo da rua, o Chorinho, ele organiza um plano. O sequestro com reféns no bar do Português vira notícia na cidade. A polícia entra em ação. Anuncia-se um fim trágico. Feitio de Dança queria a eternidade de um momento.

A Trajetória do Roteirista

O jornalista, escritor, roteirista e poeta gaúcho Paulo Ricardo de Moraes trabalhou em diversos veículos de comunicação do Rio Grande do Sul. Lançou seu primeiro livro, a biografia do almirante negro “João Cândido – A Revolta da Chibata” pela editora Tchê, em 194. O livro teve outras duas reedições. Na poesia, publicou “Negro Três Vezes Negro”, com Jaime Silva e Ronald Tutuca, e “O Garçom e o Cliente”, com Paulo Naval, além de EUNUCO, individual. Também participou de várias coletâneas de contos nos Cadernos Negros de São Paulo.

Para o teatro, escreveu a peça Carnaval, já lida publicamente. Na área audiovisual, dirigiu o curta documental “Da Colônia Africana à Cidade Negra”, que participou das mostras competitivas dos festivais de Salvador, Vitória, Curitiba, e Havana (Cuba) e roteirizou os curtas metragens “A um Gole da Eternidade”, “Chic e Choc” e “O Velho e o Bar”. Também na área do audiovisual, dirigiu, junto com  o historiador Guarani Santos, o vídeo Negrostroyka, uma sátira negra relacionada com o regime russo da época Perestroyka.

Link da Campanha no site Catarse

https://www.catarse.me/a_um_gole_da_eternidade_8a1c?ref=project_link

Edição: Katia Marko