Minas Gerais

BRUMADINHO

Romaria denuncia a Vale e discute relação entre ser humano e natureza

Organizada pela Arquidiocese de Belo Horizonte, ação marca um ano do crime que deixou 272 mortos

Belo Horizonte |
A expectativa é que a romaria pela ecologia integral reúna 5 mil pessoas
A expectativa é que a romaria pela ecologia integral reúna 5 mil pessoas - Mauro Pimentel / AFP

Para marcar um ano de um dos maiores crimes socioambientais do país, o rompimento da barragem da Vale no Córrego do Feijão, acontece em Brumadinho no dia 25 de janeiro a 1ª Romaria da Arquidiocese de Belo Horizonte pela Ecologia Integral. As ações propõem a discussão sobre a “casa comum”, em que seres humanos fazem parte da natureza, e não algo à parte dela.  

A programação, que começa a partir das 8h, no sábado (25), conta com celebração da palavra, missas, plantio de árvores, ato das famílias, mística e momento cultural. A Santa Missa das 17h será presidida por Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A expectativa da organização é que participem 5 mil pessoas de vários municípios, inclusive os atingidos pelo crime da Samarco (Vale/BHP) da Bacia do Rio Doce.

Dom Vicente Ferreira, bispo auxiliar da arquidiocese de Belo Horizonte, referencial para a Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário (Renser), cuja sede é Brumadinho, explica que a romaria denuncia a atuação da Vale na região. Ao mesmo tempo, a atividade responde aos apelos do Papa Francisco e da CNBB, que convocam a igreja para uma nova consciência em relação ao meio ambiente.

“A cidade [Brumadinho] se tornou um símbolo de luto, mas também de luta, de denúncia e de profecia. E a romaria quer propor pautas para que nossas instituições não demorem a tomar novas iniciativas, principalmente para barrar esse sistema minerário que devasta, que mata, que leva o lucro e deixa para nós os danos e a dor”, aponta.

O crime da Vale, ocorrido em 25 de janeiro do ano passado, deixou 272 mortos e devastou o Rio Paraopeba, prejudicando cidades, comunidades ribeirinhas, plantações, deixando milhares de atingidos. Para Dom Vicente, a romaria possui uma proposta política de unir vozes de denúncia, em defesa da vida humana e do meio ambiente. “Queremos garantir uma narrativa dos atingidos que está sendo sufocada pela narrativa da Vale. A mineradora maquia, dizendo todo dia na televisão, pagando fortunas para dizer que está reparando, mas o crime continua, com um sofrimento interminável das comunidades, das pessoas que perderam tanta coisa, inclusive parentes. A Vale continua interferindo no território, comprando, dominando e apresentando à sociedade seu plano de ação”, denuncia.

Destaques na programação

Às 14:30, acontece o lançamento do livro “Brumadinho: 25 é todo dia”, escrito por Dom Vicente. O texto é um testemunho pessoal, em linguagem poética, sobre o drama que vivem os moradores, inclusive ele, após o crime da Vale.

Para o momento cultural, que também será de celebração, estão confirmadas as presenças de Fernanda Takai, Sérgio Pererê, Pereira da Viola, Wilson Dias, banda São Sebastião de Brumadinho, Orquestra de Inhotim e muitos outros. As atividades são abertas à toda população.

Edição: Elis Almeida