Rio de Janeiro

SOLIDARIEDADE

Campanha colaborativa busca custear pós-operatório do fotógrafo João Roberto Ripper

Ripper passa por cirurgia na coluna em fevereiro; fotografias icônicas podem ser adquiridas no acervo Imagens Humanas

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
João Roberto Ripper é conhecido pela vasta documentação de pautas relacionadas aos direitos humanos
João Roberto Ripper é conhecido pela vasta documentação de pautas relacionadas aos direitos humanos - Ana Mendes

O fotógrafo carioca João Roberto Ripper é conhecido pela vasta documentação de pautas relacionadas aos direitos humanos, povos tradicionais, conflitos agrários e direito dos trabalhadores. Seu método de atuação profissional é referência no Brasil e no mundo, inspirando as novas gerações de fotógrafos e comunicadores populares.  

Aos 66 anos, porém, Ripper precisa dar uma pausa para cuidar de um problema na coluna. A cirurgia deve acontecer no mês de fevereiro. Do Ceará, de onde aguarda a operação, o fotógrafo contou ao Brasil de Fato que está ansioso para voltar ao trabalho, sobretudo nas comunidades tradicionais de Minas Gerais onde percorre há mais de 30 anos quilombos, aldeias indígena, vazanteiros e caatingueiros.

“A gente tem que lutar muito contra esse regime de opressão. A arma que a gente tem é dentro da mídia e da militância, no meu caso dentro da fotografia, e fazer delas não só instrumento de mostrar a beleza dos povos abandonados pelo poder público mas também contribuir numa mudança da realidade. Nossa tarefa é bem difícil mas dá para fazer com alegria e continuar sempre. Por isso é que eu quero me operar o mais rápido possível”, afirma Ripper.

O fotógrafo garante que ainda tem muito o que documentar.  “Ainda existem comunidades que eu não documentei, muitas eu quero continuar. Quero denunciar aqueles que invadem os direitos, a propriedade e o trabalho das populações tradicionais e agem com violência, mas também mostrar como essas comunidades são lindas. São belas e fazem coisas fantásticas, como tem uma produção importante e como são guardiões da biodiversidade”, ressalta. 

Fotojornalista autodidata, Ripper iniciou a carreira no jornal Luta Democrática, no Rio de Janeiro, passando ainda por outros diversos jornais. Também é um dos fundadores da Escola de Fotógrafos Populares no Observatório das Favelas que forma profissionais em fotografia e jornalismo desde 2004 no Conjunto de Favelas da Maré, zona Norte do Rio. 

Solidariedade

Uma iniciativa dos amigos e ex-alunos do fotógrafo João Roberto Ripper busca arrecadar recursos para custear o pós-operatório do “mestre do bem querer”, como é carinhosamente chamado pelos aprendizes como Carina Viana, de 40 anos. “O Ripper tem uma forma única de olhar para o ser humano e consegue refletir isso através do seu trabalho. É aquela pessoa que capta com delicadeza a beleza nas situações mais adversas. Para mim, como aprendiz e amiga é um privilégio poder apoiá-lo em um momento tão delicado”, conta. 

Quem quiser adquirir qualquer imagem pode acessar o acervo Imagens Humanas, escolher a foto e enviar um email para [email protected] com nome, número da imagem de acordo com o site, formato desejado, telefone e endereço de entrega. 

Toda verba arrecadada será para a recuperação do fotógrafo, gastos com pós-operatório e fisioterapia. O pagamento pode feito por depósito ou transferência para a conta do Ripper. Um feirão de cooperação fotográfica em solidariedade ao fotojornalista está marcado para o dia 11 de fevereiro no Bar do Momo, às 18h, na Tijuca, no Rio. Fotógrafos interessados em contribuir podem enviar uma imagem em alta resolução para o email [email protected]. Outros eventos como este também devem acontecer em outros estados. 

“Tem sido revigorante ver a mobilização de todos de diversas partes do Brasil. Eu desejo do fundo do coração que toda a delicadeza e dignidade com que ele olha para as pessoas possa reverberar cada dia mais na vida dele. Quero que o Ripper se recupere logo e que dentro em breve esteja fazendo o que mais ama”, finaliza Carina.

Edição: Mariana Pitasse