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Artigo | O futuro incerto de um futuro promissor – Parte II

Uma breve análise sobre investimentos públicos em arte e cultura no Brasil

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Apesar de todos os problemas e de um futuro incerto, temos motivos para acreditar na resistência do cinema e do audiovisual brasileiros - Heloísa Ballarini/Fotos Públicas

Retomo aqui uma breve análise sobre investimentos públicos em arte e cultura. No caso do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), há uma modalidade de investimento conhecida por “rearranjo”, que são parcerias entre cidades, estados e a Ancine que, a princípio, levam em conta aspectos de democratização de investimentos e a diversidade cultural brasileira. Desde 2015, o montante de recursos canalizados para produção de conteúdos com veiculação nacional em TVs públicas foi o seguinte: 2015 - R$ 121 milhões; 2016 - R$ 119 milhões; 2017 - R$ 47 milhões; 2018 - R$ 70 milhões; 2019 - R$ 47 milhões (estimativa); 2020 (não informado).

Vemos que, entre 2015 e 2019, as produções regionais destinadas a veiculações regionais receberam um volume crescente de recursos. Em contrapartida, os investimentos em produções regionais para veiculação nacional, sofreram uma queda drástica.

Parte dessa realidade se deve ao desmonte do sistema público de comunicação, sobretudo da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que absorvia boa parte das produções oriundas dos “rearranjos” das cinco regiões brasileiras em sua programação em rede nacional. Com o enfraquecimento da EBC, as produções regionais financiadas por meio do FSA tiveram sua exibição limitada às redes locais de transmissão. Com isso, o domínio cultural presente nos grandes meios de comunicação tende a se perpetuar.

Ainda assim, o cinema e o audiovisual resistem, com um número crescente de produções de qualidade e alcance de público considerável. Aproximadamente 170 longas-metragens lançados em 2019 e títulos com repercussão internacional. Apesar de todos os problemas e de um futuro incerto, temos motivos para acreditar na resistência do cinema e do audiovisual brasileiros. Temos motivos para acreditar na resistência no Brasil.

Ulisses Galetto é doutor em História (UFPR), músico, produtor, compositor, arranjador e sound designer (edição/mixagem) para cinema, integra o grupo FATO desde 1994. 

Edição: Lia Bianchini