Rio Grande do Sul

Educação

CPERS reforça que não há segurança para voltar às aulas presenciais no RS

Sindicato relatou situação de insegurança para retorno das aulas em audiência com deputados, entidades e Seduc

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Para coordenadoras do CPERS não há qualquer segurança para educadores e educadoras e estudantes retornarem às escolas - Elias Eberhardt / Divulgação / CP Memória

Após o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), anunciar que os primeiros a retornarem às aulas no estado serão os alunos que não possuem acesso e aparelhos que os permitam acompanhar conteúdos digitais, o Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS-Sindicato) destacou sua posição contrária. Em audiência pública realizada na terça-feira (19) pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, as diretoras Sônia Solange Viana e Vera Lessês ressaltaram que no cenário atual não há qualquer segurança para educadores e educadoras e estudantes retornarem às escolas, mesmo que parcialmente. A audiência contou com a participação da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), deputados e entidades.

Sônia, que coordena o Departamento dos Funcionários de Escola, destacou o número insuficiente de servidores(as) e a falta de treinamento e equipamentos para realizar a higienização recomendada pelos órgãos de saúde. “A maioria das escolas públicas tem estruturas precárias. Não há sequer papel higiênico, quem dirá álcool em gel. Para seguir os protocolos recomendados, de limpar os ambientes a cada duas horas, será preciso um número maior de funcionários. Como o governo vai dar essa garantia se já contamos com uma falta significativa desses profissionais?”, questionou.

“Recebemos o relato de 40 escolas que evidenciaram a falta de 76 professores e 72 funcionários para a limpeza e a merenda. Isso é uma pequena amostra, pois precisamos considerar que muitos profissionais ficarão afastados por integrarem o grupo de risco”, frisou a deputada Sofia Cavedon, presidente da Comissão de Educação.

“Tem escolas em que de manhã um funcionário usa uma bota e à tarde outro funcionário usa a mesma. A maioria não tem sequer avental”, relatou Sônia sobre a falta de equipamentos.

Vera, que coordena o Departamento de Saúde do Trabalhador do CPERS, comentou o sistema sugerido pelo governador nesta segunda-feira (18). Eduardo Leite propôs que os estudantes que não tenham como acessar a Internet mesmo com a contratação de um plano de dados por parte do Estado tenham aulas em modalidade presencial.

“Estamos angustiados com essa possibilidade. Somos favoráveis ao retorno somente quando a OMS e pesquisadores assegurarem que a pandemia está sob controle. Ainda assim, qualquer possibilidade de trabalho presencial passa pela garantia de equipamentos de proteção individual tanto para professores quanto para funcionários e estudantes.”, afirmou.

CPERS cobra explicações do governo

No mesmo dia, o CPERS enviou ao governo um ofício pedindo informações detalhadas quanto aos protocolos sanitários e parâmetros pedagógicos de retorno às aulas, destacando a importância da segurança de educadores e estudantes. O documento também questiona de que forma será garantido o acesso às aulas domiciliares para todos os estudantes, e como será suprido o suporte metodológico e de formação de educadores.

Diretor da Seduc afirma que não há previsão de retorno das aulas presenciais

O diretor geral da Seduc, Paulo Magalhães, afirmou que ainda não há previsão de retorno às aulas. “Estamos preocupados tanto com os alunos quanto com os professores. Podem começar as aulas e depois de alguns dias, se tiver alguém com febre, teremos que suspender novamente. Por isso, não há previsão de retorno por enquanto”, disse.

Encaminhamentos

Ao final da reunião ficou definido que será estruturada uma Comissão Pedagógica Multidisciplinar, com a representação de todas as entidades presentes na reunião, para conversar com a Seduc. “Vamos buscar uma reunião desta comissão com a Secretaria, pois precisamos saber, por exemplo, como ficará o trabalho dos professores em junho”, afirmou Sofia.

Ao mesmo tempo afirmou que o secretário de educação, Faisal Karam, já estuda modelos de equipamentos de proteção e protocolos. “Existe o ideal e o que pode ser feito. O impacto financeiro é em torno de R$ 600 milhões para a aquisição dos materiais”.

Sofia afirmou também que a ata da reunião será transformada num documento/manifesto a ser entregue ao secretário de Educação, Faisal Karam, e ao governador Eduardo Leite. “Acredito que todos os participantes do debate estão em sintonia com a cautela exigida e os investimentos necessários para a volta às aulas”, ressaltou.

* Com informações do CPERS Sindicato

Edição: Marcelo Ferreira