Paraná

Alerta

Doações para campanhas de solidariedade diminuem no Paraná

Com imprevisibilidade de fim da pandemia, solidariedade é cada vez mais necessária

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Pouco mais de dois meses após o início de campanhas, as organizações percebem diminuição preocupante na arrecadação - Giorgia Prates

Desde o início da atual pandemia de coronavírus, movimentos e entidades articulam campanhas de doações a populações vulneráveis. No Paraná, pouco mais de dois meses após o início de campanhas, as organizações percebem diminuição preocupante na arrecadação. 

“Manter uma campanha permanente é muito difícil. No primeiro mês, a gente teve doações bem expressivas, quando entrou no segundo, já caiu 70%”, conta Líbina da Silva Rocha, presidente do Instituto Democracia Popular (IDP), que mantém a campanha "Resistindo com solidariedade". 


Contribua com a campanha do IDP / Divulgação

Assim como o IDP, outros movimentos de Curitiba têm contabilizado quedas na arrecadação. A campanha 1 Milhão de 1 Real, por exemplo, conseguiu arrecadar cerca de R$ 25 mil nas duas primeiras semanas. Agora, as doações estão menos expressivas. 

Para Daniela Borges, do coletivo que organiza a campanha, o governo estimulando o fim do isolamento social contribui para que a situação de vulnerabilidade agravada pela pandemia fique invisível. “As pessoas têm uma sensação de que as coisas não estão acontecendo, mas a situação está piorando, as demandas estão chegando mais do que antes e as doações diminuíram”, diz Borges.

A campanha lançou, nesta semana, uma meta urgente para conseguir entregar 200 cestas básicas à Terra Indígena Rio das Cobras, a mais populosa do Paraná. Lá vivem mais de 700 famílias dos povos Guarani e Kaingang.


Contribua com a campanha 1 Milhão de 1 Real / Divulgação

Atuando em parceria com a campanha 1 Milhão de 1 Real, a Liga Brasileira de Lésbicas (LBL), no início de sua campanha recebia de 15 a 25 cestas básicas diariamente. Neste mês de maio, tem chegado de 2 a 4 cestas. A demanda por ajuda, no entanto, só aumenta.

“Nós atendemos 1.200 pessoas. Temos uma lista com quase o dobro disso para entregar. As pessoas continuam ligando e reafirmando que não tiveram acesso ao auxílio emergencial [do governo federal], que não têm acesso à cesta básica do governo estadual”, explica Léo Ribas, articuladora estadual da LBL no Paraná.


A Liga Brasileira de Lésbicas está atuando junto à campanha 1 Milhão de 1 Real para arrecadar cestas básicas para comunidades indígenas do interior do Paraná / Divulgação

A situação está crítica também para a campanha do mandato coletivo Ekoa, que arrecada doações para a aldeia urbana Kakané Porã, de Curitiba. As doações no ponto de coleta fixo têm sido pequenas e o coletivo já teve de usar, antes do previsto, parte da vaquinha virtual para conseguir entregar os alimentos.

“Os indígenas se alimentam não só no início da pandemia. Eles precisam no início, no meio e no fim. Nossa ideia é acompanhar eles durante todo esse percurso. Por isso, continuem fazendo doações”, afirma Thiago Bagatin, membro do mandato coletivo do Ekoa. 


Contribua com a campanha do mandato coletivo Ekoa / Divulgação

Edição: Frédi Vasconcelos