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Prefeito decide não ampliar a flexibilização do comércio em Belo Horizonte

Comitê de combate à covid-19 afirma que a curva de contaminação está em ascensão e que a situação é preocupante

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
“Não vamos prosseguir com a reabertura na semana que vem. Se BH fosse uma ilha, nós poderíamos flexibilizar à vontade, mas não somos”, afirmou Kalil em coletiva - PBH

O prefeito Alexandre Kalil (PSD) anunciou, em coletiva de imprensa nesta sexta (29), que não irá avançar na flexibilização do comércio em Belo Horizonte. O motivo, apresentado pelo secretário municipal de saúde Jackson Machado e pelo infectologista Carlos Starling, membro do comitê de enfrentamento à covid-19 da Prefeitura de BH, é que a taxa de transmissão (R0) do vírus na cidade passou de 1,09, na última sexta-feira, para 1,24. Isso significa que uma pessoa com covid-19 transmite o vírus para uma média de 1,24 pessoas.

“Não vamos prosseguir com a reabertura na semana que vem. Se BH fosse uma ilha, nós poderíamos flexibilizar à vontade, mas não somos”, afirmou Kalil se referindo aos dados da doença no interior do estado. Segundo Carlos Starling, as cidades do interior, sobretudo as que fazem divisa com São Paulo e Rio de Janeiro, e as que estão na rota de transporte da Rio-Bahia, possuem taxas de transmissão altas, como em Governador Valadares que é 5, Extrema que é 6 e Uberlândia que é 5,1. Em Patos de Minas, o R0 está em 7,8 e em Araxá já chegou a 20.

“No Brasil a taxa é de 2,4 e não podemos falar que estamos no pico, a situação ainda deve piorar nas próximas semanas. E em Minas Gerais estamos da mesma forma, com a velocidade de transmissão aumentando progressivamente. Em BH estamos em uma situação estável, mas em alerta”, avalia Carlos Starling.

Segundo o infectologista, o aumento da taxa de transmissão em Belo Horizonte se deve às semanas anteriores à flexibilização do comércio, uma vez que a incubação do vírus é de 15 dias e os impactos da abertura só serão medidos na semana que vem. “Isso ainda não pressionou o nosso Sistema de Saúde. Mas não dá para flexibilizar mais, o que está aberto ainda vamos observar. Aí poderemos dizer se houve ou não influência da flexibilização”, explica o infectologista.

Ocupação de leitos

Em Belo Horizonte, 55% dos leitos de UTI e 43% dos de enfermaria, ambos exclusivos para covid-19, estão ocupados. Desses 17,2% são ocupados por pacientes do interior. “BH é sem dúvida a cidade mais bem preparada, mas temos números assustadores no interior. O culpado é um sistema sucateado e abandonado há anos. Temos a consciência que somos a capital e que isso vai bater na nossa cara”, afirmou Kalil.

Monitoramento

Na próxima sexta, dia 5 de junho, serão divulgadas as análises dos dados que dirão se haverá ou não a ampliação da abertura. O prefeito não descartou a possibilidade de isolamento rígido e afirmou ter um projeto para multar quem não utilizar máscara nos espaços públicos.

Edição: Elis Almeida