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Protesto

Em Curitiba, ato contra racismo reúne mais de mil pessoas. Polícia atira bombas

Manifestantes protestam em Curitiba contra extermínio da população negra

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Manifestação era pacífica até chegada da polícia - Pedro Carrano


Ato contra o racismo em Curitiba. / Giorgia Prates

Manifestação antirracista reuniu mais de mil pessoas, em sua maioria jovens, no centro de Curitiba,  nesta segunda, 1 de junho. O protesto aconteceu em apoio às manifestações que ocorrem, nos Estados Unidos e na Europa, após o assassinato de George Floyd pela polícia dos EUA. E também contra o racismo presente na sociedade brasileira e a atual política de extermínio da população negra.

Centenas de jovens se concentraram na Praça Santos Andrade e alternando discursos, poesia e música protestaram contra o extermínio da  população negra no mundo. "Na luta antiracista, negros e brancos estão se unindo e se somam nas ruas na intenção de dar um basta ao racismo estrutual que assassina por ano milhares de pessoas negras pelo mundo", afirma uma das integrantes do ato. “Meus amigos pretos na favela da Rocinha estão sendo mortos. E, resolvemos fazer algo”, afirma um dos responsáveis pela convocatória do ato. Varias entidades, organizações e coletivos organizaram a manifestação desta segunda-feira.

“Feminismo e racismo devem andar de mãos dadas. Os brancos nunca me representaram em espaço nenhum de poder. Vocês , brancos, têm que combater o racismo criado por vocês. Racismo é problema de gente branca”, disse outra manifestante. As falas também repercutiram manifestos antifascistas que ocorreram no fim de semana em todo o Brasil contra o governo de Jair Bolsonaro.

Polícia atira contra manifestantes

A passeata de forma pacifica, em que jovens entoavam palavras de ordem, seguiu até o Palácio Iguaçu. Lá, alguns poucos manifestantes retiraram a bandeira do Brasil do mastro em frente ao palácio e a queimaram. Atos esparsos de quebra-quebra foram registrados, o que a organização do evento atribui a possíveis infiltrados (veja nota abaixo).

A manifestação começou a retornar para o ponto de origem e, quando já acontecia a dispersão, na altura  do Largo da Ordem, centro da cidade, dezenas de policiais fortemente armados, em ação desmedida, começaram a cercar os manifestantes e atiraram nos jovens. Registros fotográficos e vídeos mostram atos de truculência da polícia batendo com cacetetes em jovens que já se dispersavam. 

Mesmo após a dispersão dos manifestantes, a policia seguiu coagindo os grupos que encontrava nas ruas. Vários vídeos mostram ações violentas de policiais.

Seis manifestantes estão detidos neste momento.

Ao final da noite, as organizações responsáveis pelo Ato, enviaram nota à imprensa. Segue:

Nota da Organização do Movimento

A organização do ato CONTRA O RACISMO EM CURITIBA vem a público manifestar que, diferentemente do vinculado nas redes sociais e na imprensa, os manifestantes, além de utilizar proteção para evitar a propagação da epidemia de COVID-19, comportaram-se de maneira ordeira, em defesa da democracia e contra o racismo! 

O ato foi um sucesso. Reuniu muitas pessoas, teve uma atmosfera esperançosa por dias melhores.Nossa luta é por igualdade, contra o racismo, a violência contra jovens negros nas periferias, a proliferação de grupos que propagam o ódio e o genocídio de brasileiros promovido pela falta de uma política clara de saúde durante esta pandemia.

Infelizmente, no final do ato, em uma dispersão de alguns poucos, houve vandalismo contra o patrimônio público. O que, ao nosso ver, é muito estranho e suspeito e representa a presença organizada de infiltrados que desejam a criminalização do movimento.

O uso de força excessiva por parte da polícia demonstra também a incapacidade de diálogo e a opção pela agressão.

Conclamamos a união de curitibanos de forma individual ou através dos movimentos sociais para a defesa da democracia contra o racismo.

*Assinam esta nota*

Movimento Feminista de Mulheres Negras

 Bando Cultural Favelados da Rocinha FAVELA

União da Comunidade dos Estudantes e Profissionais Haitianos ( UCEPH)

J23 - Juventude do Cidadania

Rede nenhuma Vida a Menos

Apoio do Grupo Dignidade e da Aliança Nacional LGBTI+ 

Coletivo Enedina da UTFPR

Edição: Frédi Vasconcelos