Paraná

ORGANIZAÇÃO

A Casa da Resistência continua, mas não podemos repetir os mesmos erros

Javier Guerrero faz um balanço das atividades da Casa da Resistência, em Curitiba (PR)

Curitiba (PR) |
Javier Guerreiro é artista plástico, e ex-combatente da organização equatoriana Alfaro Vive - Foto: Reprodução I Diagramação: Vanda Morais

A Casa da Resistência surge num momento em que os trabalhadores em geral, e das artes e cultura em especial, sentem uma necessidade e uma falta enorme de espaços onde possam expressar suas angústias, suas lutas, suas obras, individuais e coletivas, seus amores.

A ideia e a proposta foi amadurecida pelos companheiros que participaram da campanha eleitoral de 2018 de manter e robustecer esse espaço na Rua Paula Gomes, 369, centro de Curitiba que, num primeiro momento, foi comitê eleitoral, local de referência forte durante a disputa do segundo turno contra a candidatura de Bolsonaro, e que foi se convertendo numa “Casa de Resistência”na qual aconteciam shows e debates. Com esse objetivo, fomos convidados, alguns artistas e futuros apoiadores financeiros, para se somarem a este sonho. Houve um entusiasmo de todos. Fizemos atividades para arrecadar dinheiro e pagar a reforma da casa; desde feijoadas até campanhas de colaboração virtual.

Formaram-se grupos de trabalho da cultura, de formação política, cineclube etc. Havia uma biblioteca, quase pronta, como também um espaço para as crianças e uma oficina de cerâmica. A Casa estava prestes a inaugurar suas atividades e nos surpreendeu a pandemia de Covid-19. Ao lado disso, o que levou a fechar as portas da Casa foi nossa dependência total dos mecenas e financiadores externos. Isto não pode se repetir. Temos que criar redes com outros espaços similares e trabalhadores de outras áreas, ao lado dos trabalhadores da cultura. Lutar por organização e autonomia.

Devemos desmistificar o trabalho artístico como algo de outro mundo e assim nos aproximarmos de outras profissões e movimentos populares. A Casa da Resistência vai continuar e, para isso, contamos com a colaboração de todos os homens e mulheres do povo. Nos próximos dias teremos já definido um novo local que dará continuidade a este sonho.

*Javier Guerreiro, é Mosaicista, artista plástico equatoriano radicado no Brasil há trinta anos, ex-combatente na organização equatoriana Alfaro Vive

Edição: Gabriel Carriconde