Coluna

Às vezes melhor um bom ditado popular que um diagnóstico médico

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Nesta semana, Mouzar Benedito conta sobre um amigo que escutou um diagnóstico médico que preferiu não dar bola - Volodymyr Hryshchenko/Unsplash
O médico que cuidava dele deu uma receita com uns dez remédios, parte deles tipo tarja preta

Há alguns anos um amigo teve um infarto dentro do carro em que dirigia, por sorte deu para parar, a mulher estava junto e tomou a direção. Ela o levou para um hospital próximo e ele foi muito bem cuidado, recebeu um monte de pontes de safena e ficou bom.

Mas e depois?

Bom... Tinha que continuar um tratamento radical. O médico que cuidava dele deu uma receita com uns dez remédios, parte deles tipo tarja preta.

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E não bastavam os remédios. Vieram muitas restrições. Não pode isso, não pode aquilo... Nada de sal, nada de açúcar, nada de carne vermelha, nada de frituras, nada de bebida alcoólica e, para completar, nada de sexo!

—Por quanto tempo? — ele perguntou meio apavorado.

O médico fez pose e sapecou:

— Isso é para o resto da vida.

Aí, meu amigo ficou pensando se valia a pena ter sobrevivido. Não se conformava.

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Um conhecido falou para ele de um cardiologista bem velhinho, que era bom nessas coisas. Ele, talvez, pudesse ter uma alternativa de tratamento mais maneira.

Pegou os resultados dos exames e as informações sobre a cirurgia por que tinha passado e foi lá. O médico examinou, olhou, viu a lista de remédios receitados, a lista de exigências, pegou um papel para dar uma nova receita e disse ao meu amigo:

— Pare com todos esses remédios. Você vai tomar só o que estou receitando.

Surpresa! Era um remédio só. Aí entrou no assunto das restrições que tinha recebido:

— Pode comer o que quiser, levar uma vida normal. Claro que não é pra cometer exageros, que não fazem bem pra ninguém.

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Incrédulo, meu amigo perguntou:

— Posso tomar vinho?

— Pode - respondeu o médico.

Meio sem jeito, ele entrou na pergunta seguinte:

— E sexo?

— Normal - respondeu o cardiologista.

Então ele não teria restrição nenhuma? Ah... Teria sim:

— Só tem uma coisa que você não pode ter: contrariedades. Não faça nada que lhe contrarie.

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Meu amigo segue com radicalidade a restrição imposta pelo médico: nada de contrariedades. Ele teve algumas outras doenças, mas doenças de velho. Do coração, está muito bem.

Então, uma boa receita para ajudar a ter uma boa saúde é não passar contrariedades. É ser feliz.

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Existem desgostos que a gente não tem como evitar, nesses tempos tenebrosos em que estamos. Mas sigamos na luta com esperança. Sejamos felizes. Termino com um ditado popular brincalhão: “Quem está infeliz, cai de costas e quebra o nariz”.

Edição: Lucas Weber