Paraná

PANDEMIA

Postura contraditória de Greca leva população a não respeitar isolamento social

Parlamentares analisaram cenário crítico de combate à pandemia em Curitiba, durante programa o BdF Onze e Meia

Curitiba (PR) |
Com a abertura do comércio, índice de isolamento social caiu e infectados triplicaram; Alguns hospitais já tem falta de leitos de UTI - Diagramação: Vanda Morais I Foto: Giorgia Prates

Os paranaenses chegaram a aderir em março, início da pandemia, ao isolamento social. No mesmo mês, o governo do Paraná editou decreto com medidas e restrições, como o fechamento de shoppings, igrejas, escolas e academias. Dois meses depois, mesmo com a curva de contágio crescendo, a Prefeitura de Curitiba deu início à flexibilização das regras, com mensagens contraditórias que levaram a população a deixar o isolamento.

De março a maio, o índice de isolamento social em Curitiba caiu de 67% para 37%, segundo a empresa In Loco, que considera a geolocalização de celular para medir o respeito às medidas de prevenção.

Em maio, academias, shoppings, bares e igrejas foram autorizados a voltar a funcionar em Curitiba. Segundo dados da In Loco, nesse período, o índice de isolamento social foi o pior de todos, de 28%. De um lado, a autorização para reabertura das atividades e, de outro, gestores culpando a população pelo aumento de contaminados.

O secretário estadual de Saúde do Paraná, Beto Preto, chegou a dizer à imprensa que o aumento do número de casos nos últimos meses (maio e junho) se deu, entre vários motivos, pelo maior número de pessoas nas ruas após as compras do Dia das Mães. A secretária municipal da Saúde de Curitiba,Márcia Huçulak, chegou a dar broncas em redes sociais nos curitibanos que estavam aglomerados nas ruas.

Para a vereadora Professora Josete (PT) e o deputado estadual Goura (PDT), não se pode culpar a população. No debate promovido pelo Brasil de Fato, no programa BDF 11h30, eles analisaram o cenário da pandemia. Para Goura, é “difícil ficar culpabilizando a população se o poder público manda informações contraditórias. Assim, cada um vai fazer o que acha que é de direito diante dessa má condução.” Para ele, o momento é de uma gravíssima crise sanitária no mundo e, no Brasil, isso se agrava com a questão social já fragilizada. “Em todos os níveis de governo temos pouca preocupação com a questão social que se agrava. Junto a isso, há essa grave crise política, com o presidente da República desdenhando do potencial de danos da pandemia. O que temos em nível federal temos aqui também, com a população à deriva.”

Já para Josete, há uma fragilidade na condução da política de combate ao coronavírus. “Curitiba começou bem. De início houve uma adesão da sociedade ao isolamento social. Mas, logo depois, porque a gestão tem se deixado levar pela pressão dos setores econômicos, ficou esse abre e fecha do comércio e outros setores, incentivando as pessoas a voltarem a uma normalidade que não existe.” Para a vereadora, não há, por parte da Prefeitura, planejamento a médio e longo prazo. “Acho que não fizeram, por exemplo, um desenho de um cenário como este em que estamos chegando à lotação das UTIs.”

Edição: Gabriel Carriconde