Paraíba

CELEBRAÇÃO

Artigo | Orgulho LGBTQI+

Dia de celebrar as conquistas e reforças as bandeiras de lutas.

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Bandeiro símbolo da comunidade LGBTQI+ - Reprodução

Tudo começou em 1969. O  bar gay Stonewall Inn, localizado no bairro de Greenwich, Nova York,  na madrugada de 28 de Junho, sofre mais uma batida policial. Vários clientes são presos com a alegação de “conduta imoral”, um subterfúgio para esconder a motivação homofóbica. O espaço era frequentado por lésbicas, gays, bissexuais e transexuais.

Espaços de socialização para as pessoas não heterossexuais eram proibidos na época. O Bar Stonewall Inn funcionava porque propinas eram pagas as autoridades. A partir dessa batida policial, a revolta começou e durou alguns dias. 1970, foi organizada a primeira parada do orgulho LGBT em Nova York. A partir daí as lutas por direitos não pararam mais.

Estamos em 2020. Vivendo em meio a uma pandemia imensa. No Brasil, muitos direitos civis foram conquistados graças a militância aguerrida do movimento LGBTQI+. Casamento, adoção de crianças, criminalização da homofobia e transfobia, e, mais recentemente, a doação de sangue.

Mas, vivemos em um país onde o discurso LGBTQIfóbico é discurso de Estado. O presidente da república foi eleito com várias manifestações homofóbicas e transfóbicas. Durante a campanha eleitoral de 2018, fake news deram o mote da disputa. Sobre o casamento, espalharam notícias de que, caso Fernando Haddad ganhasse, ele iria obrigar as igrejas a casarem gays e lésbicas.

Como esquecer da mamadeira de piroca e da sexualização das crianças tão propagada pela campanha bolsonarista? E o kit gay? Foram tantas as mentiras divulgadas que acabaram beneficiando Bolsonaro em detrimento do candidato petista. Mas tudo isso é emblemático da homofobia e transfobia estruturais na sociedade brasileira.

Se dependesse do Congresso Nacional, onde estão os/as representantes do povo brasileiro, não teríamos nenhum direito civil. O casamento, nome social, adoção, doação de sangue, criminalização da homofobia e transfobia foram alcançados pela via judicial, graças ao Supremo Tribunal Federal, que apesar dos pesares, tem sido o meio para o reconhecimento de direitos para a comunidade LGBTQI+.

Mesmo assim, o discurso de ódio e a violência persistem. Somos o país que mais mata pessoas trans do mundo. Quando alguém quer xingar outra pessoa, viado, sapatão, fresco, etc., ainda continuam como palavras diletas. Recentemente, um áudio divulgado em redes sociais e sites, atribuído ao vice-prefeito de João Pessoa, ex-deputado federal e pré-candidato a prefeito de Pedras de Fogos, Manoel Júnior, seguiu essa mesma orientação.

O 28 de junho é dia de orgulho e de luta. Celebrar as conquistas, arduamente, alcançadas e, ao mesmo tempo, reforçar as bandeiras pelo direito à vida, ao trabalho, contra o racismo, contra o sistema capitalista, e para construir uma sociedade mais justa, solidária, onde todos e todas tenham seus direitos básicos assegurados.

 

Joel Cavalcante é colaborador do Brasil de Fato PB e membro do Movimento do Espírito Lilás (MEL).

Edição: Heloisa de Sousa