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Comunicação

No CE, portal "Mídia Bixa" produz jornalismo independente com pautas do universo LGBT

Atualmente, o Mídia Bixa conta com 20 jornalistas associados que contribuem com a produção dos conteúdos.

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
De acordo com o jornalista e editor do site, Rafael Mesquita, o principal objetivo do Mídia Bixa é dar voz. - Foto: Divulgação / Prefeitura de BH

Desde fevereiro deste ano, Fortaleza conta com um novo espaço de comunicação na web: o Mídia Bixa, um jornal digital que produz conteúdos sobre diversos temas de interesse público sobre universo LGBTI+ (lésbica, gay, bissexual, travesti, transexual, intersexual e queer). De acordo com o jornalista e editor do site, Rafael Mesquita, o principal objetivo do Mídia Bixa é dar voz. “Enquanto LGBTIs, não queremos só sermos vistos pelo olhar do outro, queremos construir a nossa própria narrativa. Uma leitura da realidade a partir de corpos dissidentes, que sabem quais feridas precisam curar e quais algozes precisa enfrentar”. Ele afirma que a meta é oferecer um olhar queer para o mundo, mas que não se limite às pautas do universo queer. Produzir um jornalismo que promova os direitos humanos, a igualdade de direitos, a dignidade e o valor das pessoas. “É construir um conteúdo aprofundado, crítico, reflexivo, ético, humanizado, independente e de interesse público sobre o universo LGBTI+”.

Atualmente, o Mídia Bixa conta com 20 jornalistas associados que contribuem com a produção dos conteúdos. “Importante citar que a maioria tem um trabalho regular e que dedica o tempo disponível ao projeto. O site entrou no ar em junho.”, explica, Rafael. O jornal digital está presente no facebook, youtube, instagram, no twitter e pelo site midiabixa.com.br, e há a pretensão de ampliar sua presença e desenvolver estratégias mais arrojadas para whatsapp e newsletter e avançar no relacionamento com o público.

Rafael explica que o Mídia Bixa chega num momento muito relevante. “Então, a nossa importância social e política é a mesma do Lampião da Esquina, que circulou na Ditadura, mas de uma forma mais amadurecida, sem incorrer em preconceitos velados. É trazer o ponto de vista LGBTI+, é ocupar nosso lugar de fala, é construir um espaço de fala também, enfrentando uma narrativa jornalística comercial que hoje se diz pró-direitos queer, mas que, na realidade, escamoteia, por força das rotinas produtivas ou por puro viés ideológico, uma certa LGBTIfobia. É enfrentar o fascismo e as ideias fascistas que ganham corpo na internet”. 

Mídia LGBTQI+ no Brasil

Questionado sobre o Mídia Bixa ser o primeiro site de informações feito e voltado para o público LGBTI+, Rafael explica que o Midia Bixa não é o primeiro site, mas é o único que é de perfil jornalístico. “Há muitos projetos de entretenimento, que mesclam conteúdo informativo, mas nós optamos por pegar esse nicho jornalístico que tem carência de produtos segmentados”.

Rafael informa que o primeiro jornal bixa de circulação nacional foi o Lampião da Esquina, que existiu de 1978 a 1981. Outros títulos importantes, de acordo com ele, foram a Chana com Chana, Sui Generis, G Magazine, DOM e Junior. “No país, como lembrou Gean Gonçalves, nosso colunista e ex-repórter do veículo, tivemos portais noticiosos como o MixBrasil, histórico por ter sido o primeiro no segmento na América Latina. Então, somos um dos poucos portais, eu diria, fundamentalmente jornalístico em operação no Brasil”.

Edição: Monyse Ravena