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LGBTI

A luta pela inserção no mercado de trabalho pela população LGBTIMais

Uma das medidas para combater a lgbtfobia é levar o debate aos sindicatos

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Quase 20% das empresas que atuam no Brasil se recusam a contratar homossexuais - Giorgia Prates


Renata Borges, liderança do movimento LGBTI no Paraná / Arquivo Pessoal

De acordo com o levantamento Demitindo Preconceitos, da empresa de consultoria Santo Caos, 38% das empresas afirmaram, em 2019, que não contratariam pessoas LGBTI+ e 61% dos funcionários LGBT no Brasil escolhem esconder de colegas e gestores a própria sexualidade. Já a Associação Nacional de Travestis e Transexuais aponta que 90% desta população está na prostituição. 

Estes e outros dados revelam a Lgbtfobia estrutural marcante no histórico do Brasil. Ou seja, apesar de avanços que o movimento LGBTI já tenha alcançado por sua luta, o ingresso no mercado de trabalho é ainda um entrave. E, vem desde o preconceito em, por exemplo, não admitir uma pessoa trans ou travesti para cargos de chefia até à dificuldade de permanecer na escola e chegar a uma formação superior.   

O tema foi debatido no programa Quarta Sindical, uma parceria da CUT Paraná e o Brasil de Fato Paraná, que contou com a participação do professor, pedagogo e dirigente sindical Clau Lopes e a liderança do movimento LGBTI Renata Borges. 

Clau Lopes disse sentir-se privilegiado por ter uma profissão e curso superior. “Diante dos dados que temos, eu me sinto privilegiado por ser professor e ter entrado em uma universidade pública. Sou um professor gay que luto dentro da escola para que se combata a lgbtfobia. Porque é na família e na escola que se começa o acolhimento ou a rejeição, que vai refletir ali na frente na falta ou não de emprego.” A Lgbtfobia é uma das grandes causas da evasão escolar no Brasil. Segundo a Pesquisa Nacional Sobre o Ambiente Educacional no Brasil 2018, 27% dos entrevistados afirmaram ter sofrido agressão na escola e 73% foram alvos de xingamento em razão de sua orientação sexual.  

Assim como Clau Lopes, a militante do movimento LGBTI MAIS, a trans Renata Borges também diz se sentir privilegiada. “Eu sinto orgulho de ter 37 anos, quando a expectativa de vida de uma trans é de 35 anos, de ter um emprego como consultora de uma marca de calçados e ter curso superior. Mas, a minha luta é pela maioria das minhas amigas e amigos que não estão nesta realidade.”  

Levar a pauta aos sindicatos

Segundo Renata, as empresas não estão preparadas para a diversidade.  “Mesmo as empresas que tem afinidade com a nossa pauta, quando vamos ver não contratam “sapatona preta ou gorda”, por exemplo. As travestis, as trans estão ali atrás escondidas nos seus trabalhos.” Quase 20% das empresas que atuam no Brasil se recusam a contratar homossexuais. A conclusão é de uma pesquisa da empresa de recrutamento e seleção Elancers, que entrevistou 10 mil empregadores e mostrou que muitas companhias preferem rejeitar um candidato gay por temer que sua imagem seja associada a ele. 

Tanto para Clau Lopes como para Renata, uma das medidas necessárias para contribuir ao ingresso dos LGBTIs no mercado de trabalho é fazer a lição de casa. Ou seja, incentivar o debate dentro dos sindicatos, lugar que defende e luta por direitos. “É importante destacar que a CUT sempre incorporou esta pauta em seus debates. Mas, é importante que os sindicatos olhem para dentro e vejam se entre seus integrantes, em cargos de assessoria, chefias estão incluídas a população LGBTI”, destacou Clau.  

 

 


Clau Lopes, professor, pedagogo e diretor sindical / Arquivo Pessoal

 

Edição: Gabriel Carriconde