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São Paulo anda enlouquecendo os gatos

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Nesta semana, Mouzar Benedito conta o que a capital paulista tem feito com os seus animais de rua - Foto: Marco Biondi/Unsplash
Contaram que apareceu um gato louco na praça, veio correndo, pulou no peito de um rapaz e o mordeu

Na minha infância, havia muitos cachorros andando pelas ruas da pequena cidade em que morava. De vez em quando, uma cadela no cio passava seguida por um bando de cachorros.

E de vez em quando também, muito mais raramente, aparecia um cachorro louco, com a doença chamada raiva, e era um perigo. Se mordesse alguém, o sujeito estava contaminado, e a raiva é uma doença terrível, que mata de forma muito cruel.

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Lá, pior ainda, porque era difícil conseguir vacina contra a raiva. Em São Paulo, acontecia às vezes de alguém ser contaminado, se não por mordida de cachorro louco, podia ser por morcego. Mas aqui a pessoa ia ao Instituto Pasteur, e recebia as vacinas aplicadas na barriga durante uma semana, e se livrava do vírus.

Falo dessas coisas no passado porque nunca mais ouvi notícia de que alguém foi mordido por cachorro louco.

E estou contando isso porque me lembrei de uma história acontecida há muitos e muitos anos, em São Paulo mesmo.

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Eu morava no centro da cidade e costumava visitar uns amigos que moravam no bairro da Vila Madalena, quando ela ainda não era um bairro festeiro como hoje.

Uma vez, numa tarde de sábado, desci do ônibus um pouco antes da casa deles, porque queria tomar um café numa padaria perto da praça Benedito Calixto e quando entrei nela havia uns homens bebendo cerveja e rindo.

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Perguntei do que riam e contaram que apareceu um gato louco na praça. Veio correndo, pulou no peito de um rapaz e o mordeu do peito até a canela.

Falei: nossa! Gato louco em São Paulo? Nunca vi. Até parece que estamos em Nova Resende, a minha terra, em Minas Gerais.

:: Mais Mouzar | Um rádio, duas pilhas, e são dois pra lá, dois pra cá ::

Segui rindo para a casa dos meus amigos, pensando nessa história absurda. Cheguei lá e ficamos conversando sobre um monte de coisas, até que dei falta do Zé Maria, um dos moradores. Perguntei por ele e me disseram:

- Foi ao Instituto Pasteur tomar umas injeções... Ele estava na praça Benedito Calixto e foi mordido por um gato louco.

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Bom... A história não aconteceu em Nova Resende, mas foi com um cara de lá. E pela raridade do acontecimento, ele ganhou o apelido de Zé do Gato...

Edição: Lucas Weber