Minas Gerais

DIA DA INDEPENDÊNCIA

Artigo | 7 de setembro: dependência, abandono e morte

"Temos uma classe dominante incapaz de abrir os olhos para o caos que ela mesma produz"

Betim | Brasil de Fato MG |
"E até hoje, sonegação fiscal por parte dos ricos, e abandono da população empobrecida continuam imexíveis" - Foto: Akemi Nitahara / Agência Brasil

Há exatos 520 anos o Brasil era descoberto e aos poucos ocupado pela coroa portuguesa. O que os portugueses não sabiam era o rumo que a colônia iria tomar ao ser declarada sua “independência”, como contam os livros de história.

Dom Pedro I não sabia que de 1822 a 2020 o Brasil passaria por devaneios, honrarias e vexames. Temos em nossa história atitudes impensadas e também ações que garantiram um futuro promissor para o Brasil. E temos também honrarias, legados importantes, como a criação da indústria nacional e nossas estatais. Dentre os vexames, basta mencionar os terraplanistas de plantão.

Em dois séculos de independência assistirmos à abolição da escravatura e junto a criação de leis que mantinham os privilégios para os senhores de engenho. E até hoje, sonegação fiscal por parte dos ricos, e abandono da população empobrecida continuam imexíveis. No compasso dessa nova ordem o Brasil tão sonhado pelo imperador para ser um país forte, rasteja initerruptamente nas rédeas da elite, atrasada, egoísta e corrupta.

Sem amparo social e também sem diálogo diplomático, sem parcerias para além de suas fronteiras, o Brasil se vê a deriva.

Temos uma classe dominante incapaz de abrir os olhos para o caos que ela mesma faz questão de perpetuar em nome do luxo. Chegamos ao século XXI e mais um 7 de setembro amanhece em nossas janelas: com medo do novo normal e estarrecido com 120 mil mortos pelo vírus devastador.

Sem amparo social e também sem diálogo diplomático, sem parcerias para além de suas fronteiras, o Brasil se vê a deriva. Assistimos de braços cruzados a destruição de nossas reservas ambientais, a “limpeza social” nas comunidades, o genocídio da população indígena, da população periférica e trabalhadora e nossas praias tomadas por derramamento de óleo no mar. Sem contar o desaparecimento de comunidades inteiras para saciar a ganância dos empresários da mineração.

E a boiada vai passando. Comemorar o quê?

Flavia Roberta Martins é estudante de história e ex-secretária de Movimento Popular do Partido dos Trabalhadores de Betim

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Edição: Elis Almeida