Paraná

ENTREVISTA

''Seguir lutando contra a privatização dos Correios'', diz ex-membro do Sinticom

Após final da greve de 35 dias, trabalhador aponta que sociedade deve seguir mobilizada

Curitiba ( PR) |
Trabalhadores dos Correios estão lutando contra a privatização da estatal - Agência Brasil

Ivan Carlos Pinheiro mora em Curitiba, já atuou em todos os setores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e atuou também como secretário-geral no sindicato local (Sinticom) e na Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (Fentect). O governo Bolsonaro retirou uma série de direitos desses trabalhadores, mesmo após 35 dias de greve. Para Pinheiro, a mobilização envolveu a categoria e a luta deve seguir contra a privatização da empresa, já sinalizada pelo governo. 

 Brasil de Fato – Qual é o balanço dos 35 dias de greve em um período de difícil mobilização social? 

Ivan Pinheiro – Foi um momento importante, até porque muitas pessoas que não víamos antes participaram. Neste momento o trabalhador sentiu a questão do bolso, a proposta da empresa junto com o governo realmente afetou a remuneração dos trabalhadores, tanto salarial quanto benefícios. Foi uma das maiores greves da categoria, até comparando à década de 1980, na ditadura, não foi tão massivo. Todos os estados aderiram, ao longo de 35 dias de greve. 

 Com o final da greve, a tentativa de privatização dos Correios é um risco?  

Ivan Pinheiro – Risco forte porque, desde o período de 2016, quando Temer assumiu, os serviços vêm sofrendo precarização forte. A própria Lei de Terceirização (Nº 13.429/2017) precarizou muito a distribuição domiciliar. Além das campanhas que colocam a sociedade contra a empresa, a gente vê o risco grande da privatização. A esperança é que a privatização de uma empresa-mãe teria que passar pelo Congresso Nacional. Foi formada também a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Correios, com partidos de centro e direita, que não veem o caminho da privatização. Agora, o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e (proposta do governo Bolsonaro) de marco legal para serviços postais é uma forma mais fácil de quebrar as garantias constitucionais, a universalização, o governo quer quebrar isso. O governo critica os Correios, mas a empresa é usada para todas as atividades de logística, devido à nossa eficiência para chegar a qualquer local do Brasil. 

 

Edição: Gabriel Carriconde