Bahia

MINERAÇÃO

Comunidades quilombolas de Piatã sofrem com atividade de mineradora

Moradores denunciam a poluição ambiental e sonora causada pela empresa

Brasil de Fato | Salvador (BA) |
Moradores fizeram uma manifestação na região do Tijuco, às margens da BA-148, para informar e sensibilizar os trabalhadores da empresa. - CPT BA

Cerca de 150 famílias moradoras das comunidades quilombolas do Mocó e Bocaina, na zona rural de Piatã, localizada na Chapada Diamantina, a 558 km de Salvador, denunciam estar respirando poeira de minério de ferro devido à ação da empresa Brazil Iron, subsidiária no Brasil de uma companhia de mineração inglesa. Muitos também já deixaram de plantar pelo temor da contaminação de rios e afluentes da região, que desembocam no Rio de Contas, uma das maiores bacias hidrográficas da Bahia.
 
Além da contaminação das águas e do risco de problemas respiratórios e cardiovasculares com as nuvens de poeira, a população sofre ainda com a poluição sonora. O barulho ensurdecedor de explosivos e das máquinas, que operam 24h por dia, gera dificuldades para dormir, e as explosões inadvertidas já derrubaram parte de uma casa e têm provocado rachaduras em outras, causando insegurança aos moradores.
 
Os moradores também informam que os veículos pesados usados pela empresa por vezes obstruem as vias de acesso à comunidade e têm provocado deterioração do sistema viário da região, como é o caso do trecho da BA-148 que liga Seabra a Piatã e Rio de Contas.
 
Segundo informação da Comissão Pastoral da Terra (CPT-Bahia), a própria instalação da mineradora deixa dúvidas quanto a sua legalidade, já que não houve consulta prévia, livre e informada às comunidades quilombolas, com registro na Fundação Palmares, como é indicado na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
 
O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e demais instâncias já foram acionadas, mas a situação tem se arrastado por meses. No último dia 27, cerca de 30 moradores fizeram uma manifestação na região do Tijuco, às margens da BA-148. Cartazes e panfletos informativos foram confeccionados e distribuídos, para informar e sensibilizar os trabalhadores da Brazil Iron. Segundo a CPT, a manifestação foi desproporcionalmente dissipada pela Polícia Militar, que fora informada para garantir a integridade dos manifestantes.
 

Edição: Elen Carvalho