Minas Gerais

ANO NOVO

Editorial | 2021 será "nós por nós"

Último ano provou que o poder público está á deriva em Minas Gerais e no Brasil

Belo Horizonte | Brasil de Fato MG |
doação alimentos mst
"Será necessário que se multipliquem iniciativas de unidade e solidariedade do povo" - Créditos da foto: Comunicação MST

O Brasil chega nesta primeira edição do ano a, pelo menos, 200 mil mortos na pandemia de Covid 19. Nessa altura, todos nós ou já perdemos entes queridos ou conhecemos famílias próximas que perderam.

Mesmo assim, enquanto dezenas de países começam a vacinação em massa, 2021 se inicia no Brasil sem vacina, sem qualquer contrato de compra de vacina por parte do governo federal e com grande aumento da transmissão do vírus. Também começa sem auxilio emergencial e com mais de 14% de desemprego.

Esses quatro grandes problemas para o povo brasileiro estão diretamente relacionados ao caos implantado por Bolsonaro na administração do país. O poder público está à deriva. Este é, sem dúvida, o resultado da direção ideológica do bolsonarismo no governo federal. A soma da destruição do serviço público defendida pela direita ultraliberal com a negação do conhecimento científico defendida pelo tradicionalismo, tem como resultado a morte dos mais pobres, seja pela fome ou pela doença.

Bolsonaro foi contra o auxilio emergencial. Após ser pressionado, propôs que o auxilio fosse de apenas R$ 200

A negligência ao distanciamento social por parte da população é reflexo direto da forma como o governo federal lidou com a pandemia desde o inicio. Bolsonaro foi contra o auxilio emergencial. Após ser pressionado, propôs que o auxilio fosse de apenas R$ 200. O auxilio emergencial de R$ 600 só foi possível graças à atuação da oposição ao governo no Congresso Nacional e à pressão de sindicatos e movimentos sociais.

Ao mesmo tempo, Bolsonaro reduziu significativamente o investimento público na economia, inviabilizando a geração de empregos. Diversas alternativas para injetar dinheiro na economia foram apresentadas logo no inicio da pandemia, como a emissão de moeda e de títulos da divida pública.

O governo optou por não fazer nada, impondo ao povo o riso de contagio nas aglomerações do transporte para tentar a sobrevivência em trabalhos informais e precários. Agora, por mais uma escolha de Bolsonaro, nem o auxilio emergencial está disponível aos mais pobres.

Ao mesmo tempo em que não toma nenhuma atitude para combater a crise econômica que qualquer epidemia pode provocar, o governo federal mantém de forma acelerada o projeto de privatização do patrimônio público. O principal objetivo é o desmembramento da Petrobrás com a venda de refinarias e áreas de extração de petróleo da camada pré-sal. Busca concluir, assim, parte do projeto do golpe dado em 2016 na presidenta Dilma Roussef e na democracia: abrir as portas para a entrega de nosso petróleo a empresas privadas multinacionais.

Enquanto isso, vemos o custo de vida ser elevado, principalmente dos alimentos, alavancado pelo preço do combustível, como resultado do sucateamento de nossa infraestrutura na produção e refino de petróleo.

Em Minas Gerais, o governador Romeu Zema segue os passos de Bolsonaro. Negou o tamanho da pandemia, sendo responsável pela subnotificação de casos em seu inicio. Teve que ser forçado, através de decisão judicial conquistada pelo Sind-UTE/MG, a manter as escolas fechadas. O hospital de campanha montado no Expominas não atendeu nenhum paciente, enquanto pessoas morriam nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) à espera de leitos hospitalares.

Agora, em nova expansão dos contágios, que aponta para a insuficiência dos leitos no sistema de saúde, o hospital de campanha está desativado. Um desperdício de dinheiro público causada pelo modelo de gestão empresarial de Zema. Não se pode confundir administração pública com comércio varejista.

O hospital de campanha montado no Expominas não atendeu nenhum paciente

Zema também assume o mantra de privatização das empresas e serviços públicos. Por um lado, pretende realizar a reforma administrativa que irá precarizar as condições de trabalho dos servidores públicos, ampliando a terceirização e o poder de nomeação do governante sobre os cargos da administração pública.

Por outro, pressiona constantemente pela venda da Cemig e Copasa, importantes estatais mineiras que garantem às regiões menos atrativas ao mercado o fornecimento de energia elétrica e saneamento básico. Este projeto privatizante certamente condenará o povo à piora na prestação dos serviços públicos e à falta de água e energia nas regiões que não forem lucrativas para as empresas privadas.

2021 já se inicia, portanto, como um ano de luta pela sobrevivência e pela soberania do povo brasileiro. Será necessário que se multipliquem iniciativas de unidade e solidariedade do povo, como a campanha Periferia Viva. Será necessário também que os parlamentares, governantes progressistas, sindicatos e movimentos sociais atuem juntos para barrar o avanço da barbárie e da entrega do patrimônio público com as privatizações.

As centrais sindicais já dão um importante passo nesse sentido, definindo que lutarão juntas pela defesa da retomada do auxilio emergencial e o inicio imediato da vacinação contra a Covid-19. Sindicatos, parlamentares e movimentos já começaram a pôr em prática em Minas Gerais. Nesse período, está claro que só a luta garante a vida das trabalhadoras e trabalhadores. 2021 será "nós por nós".   

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Edição: Rafaella Dotta