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Famílias do MST doam 3 toneladas de alimentos e mil litros de leite na região Centro

Ação é dos acampamentos e assentamentos de Quedas do Iguaçu, Laranjeiras do Sul, Rio Bonito do Iguaçu e Porto Barreiro

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Ação em Quedas do Iguaçu - MST/PR - Revelino Lopes

A produção diversa da Reforma Agrária chegou a famílias que enfrentam dificuldades em garantir o alimento de cada dia nas cidades de Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul, região Centro do Paraná. Ao todo, 3 toneladas de alimentos e mil litros de leite foram distribuídos nesta sexta, sábado e segunda-feira, 5, 6 e 8 de fevereiro. 

 

Além do leite fresco, feijão, abóbora, mandioca, milho verde, banana e melancia estão entre os itens que fizeram parte das cestas. Os alimentos foram doados por famílias dos assentamentos 8 de Junho e Passo Liso, e acampamento Recanto da Natureza, ambos de Laranjeiras do Sul; pelo acampamento Antônio Conrado, de Rio Bonito do Iguaçu; e assentamento Porto Pinheiro, de Porto Barreiro; do acampamento Vilmar Bordin e do assentamento Celso Furtado, Quedas do Iguaçu.
 

Laureci Leal, integrante da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e assentado em Laranjeiras do Sul, relacionou a piora das condições da população urbana com o fim do auxílio emergencial. “O que nós podemos fazer nessa pandemia é ser solidários com os trabalhadores, aliados nossos, que sofrem e que estão sendo penalizados nesse momento de crise e de ataque aos direitos que o Bolsonaro tem feito”. 

As doações em Quedas do Iguaçu ocorreram na sexta, quando foi partilhado o leite fresco - a maior parte vindo de acampamentos -, e mil quilos de alimentos. Cerca de 100 famílias do município foram atendidas com alimentos e 400 com leite. Já em Laranjeiras do Sul a ação ocorreu neste sábado, em parceria com o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do município. 


 

Fartura de alimentos em terras antes tomadas por pinus 

As terras de onde hoje milhares de famílias camponesas produzem fartura de alimentos já estiveram sob domínio de um dono, a madeireira Giacomet Marodin, atual Araupel. Uma área de 83 mil hectares de áreas públicas, que abrange diferentes municípios da região, foi adquirida de forma grilada pela empresa em 1972. 


 

Para denunciar e cobrar reforma agrária nas áreas griladas pela empresa, 3 mil famílias Sem Terra ocuparam parte do latifúndio em 17 de abril de 1996, em Rio Bonito do Iguaçu. Em agosto de 1997, o Incra formalizou a criação do maior assentamento Ireno Alves dos Santos, com 900 famílias – o do Brasil até 2002, quando foi criado em Quedas do Iguaçu o assentamento Celso Furtado, com 1200 famílias - comunidade que atualmente se une para doar alimentos. Nos anos seguintes, novos acampamentos e assentamentos foram criados na região. 
 

Em agosto de 2017, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) declarou nulos os títulos de propriedade da madeireira Araupel ocupada pelo MST, confirmando a prática de grilagem. A determinação resultou de uma ação judicial movida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em 2014. Há dez anos, o Instituto contestava a validade dos títulos do imóvel localizado entre os municípios de Rio Bonito do Iguaçu e Quedas do Iguaçu.


 

MST iniciou ações de solidariedade em março de 2020

A iniciativa das famílias da região faz parte da ação nacional do MST em solidariedade a quem enfrenta a fome neste período de pandemia da Covid-19. De março de 2020 até agora, mais de 507 toneladas de alimentos foram doados no Paraná, por cerca de 170 comunidades da Reforma Agrária.
 

Em Curitiba e região metropolitana, cerca de 39 mil marmitas também foram produzidas e distribuídas gratuitamente a partir da iniciativa do MST, por meio da ação Marmitas da Terra
 

As comunidades que se uniram para doar alimentos nesta sexta e sábado já haviam se mobilizado em ações de solidariedade em 2020. A mais expressiva delas ocorreu no Dia da Agricultura Familiar, quando cerca de 80 toneladas foram partilhadas em um único dia. Acampamentos e assentamentos de Quedas do Iguaçu e de Rio Bonito do Iguaçu planejam uma nova doação no final de fevereiro.

 

Edição: Ana Carolina Caldas