Minas Gerais

AMÉRICA

Papo Esportivo | América | Nossa homenagem a um dos raros técnicos negros no Brasil

Lula Pereira passou por mais de vinte times e foi técnico do América, do Flamengo, do Ceará, do Bahia e do Figueirense

Belo Horizonte | Brasil de Fato MG |
Lula Pereira passou pelo América em 2001 - Créditos: Luiz Costa/Arquivo Hoje em Dia

No dia 7 de fevereiro, o ex-zagueiro e ex-treinador Lula Pereira faleceu em Fortaleza por problemas cardíacos, com apenas 64 anos. Como treinador, Lula passou por mais de vinte times e conquistou importantes títulos estaduais, como o do América em 2001, e marcou seu nome na história do futebol brasileiro por ser um dos poucos técnicos negros a comandar times de ponta - além do América, foi técnico do Flamengo, do Ceará, do Bahia e do Figueirense.

Ele próprio chegou a destacar a discrepância entre o alto número de atletas negros e o baixo número de treinadores e dirigentes negros, em entrevista à dissertação de metrado de Marcel Diego Tonini:

:: Receba notícias de Minas Gerais no seu Whatsapp. Clique aqui ::

“Negro, quando subalterno, é bem aceito. Até porque, ele se esmera pra fazer tudo melhor que o branco e merecer a oportunidade. Mas, pra chegar a nível de comando, a coisa pega. Aí, é seríssimo! (...) Então, me estranha: como que nós não temos num país de alta miscigenação meus irmãos de raça galgando a condição de treinador de futebol? Não vejo no basquete, não vejo no vôlei, não vejo no futsal”.

“Negro, quando subalterno, é bem aceito”, disse o técnico

Para vermos essa realidade, é só olhar para a Série A do Brasileiro hoje: só há um negro - Marcão, do Fluminense - que ainda assim nunca chega a ser de fato efetivado no cargo.

No América, Lula Pereira também foi um dos únicos comandantes negros: além dele, consigo lembrar apenas de Jair Bala e José Maria Pena. De dirigentes, nunca vi nenhum.

O título conquistado por Lula no América em 2001 não foi só um título: foi o único estadual em 23 anos

O título conquistado por Lula no América em 2001 não foi só um título: foi o único estadual em 23 anos, foi goleando o Atlético por 4 a 1 na primeira partida da final e foi com 10 jogadores formados na base entre os titulares, com destaque para Tucho, Wellington Paulo, Ruy Cabeção e Fabrício.

Pelo título com o Coelhão, pela bonita história como treinador e como jogador e, especialmente, por ter sido uma voz e uma realidade contra o racismo estrutural no futebol e na sociedade brasileira, Lula Pereira merece toda nossa homenagem!

Edição: Rafaella Dotta