Minas Gerais

ABSURDO

Movimento ambientalista colhe assinaturas para denunciar mineração na Serra do Curral

Símbolo Belo Horizonte e patrimônio de Minas Gerais, reserva abriga nascentes necessárias para o abastecimento da Região

Brasil de Fato MG |

Ouça o áudio:

A Serra do Curral convive com atividades de, pelo menos, três projetos minerários - Créditos da Foto: Reprodução

Para pedir a suspensão imediata dos empreendimentos minerários na Serra do Curral, o movimento ambientalista “Mexeu com a Serra do Curral mexeu comigo” está coletando assinaturas da população em um abaixo-assinado que denuncia os impactos ambientais e sociais da mineração. O documento pode ser acessado e assinado aqui.

Apesar de ser símbolo de Belo Horizonte e patrimônio histórico-cultural paisagístico e ambiental de Minas Gerais, a Serra do Curral convive com atividades de, pelo menos, três projetos minerários. Dois deles ligados à Empresa de Mineração Pau Branco (Empabra) e à Fleurs Global Mineração. Esses, segundo informações do movimento, são considerados ilegais pelo Ministério Público de Minas Grais.

Um terceiro projeto, o Complexo Minerário Serra do Taquaril, da empresa Tamisa (Taquaril Mineração S.A.), está em fase de licenciamento ambiental. Caso aprovado, um volume superior a 1 bilhão de toneladas de minério de ferro pode ser retirado, causando impactos irreversíveis na fauna e flora da região. Além disso, o projeto pode impactar diretamente, com poeira e explosões, os bairros de Belo Horizonte Taquaril, Vera Cruz e Aglomerado da Serra, e os municípios de Nova Lima, Raposos e Sabará.

:: Receba notícias de Minas Gerais no seu Whatsapp. Clique aqui ::

A Serra do Curral pertence à Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço e abriga nascentes que alimentam as bacias dos rios das Velhas e Paraopeba, os dois cursos d'água responsáveis por quase todo o abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O Complexo do Taquaril, se aprovado, pode interferir diretamente a captação de Bela Fama, da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), em Nova Lima, responsável pelo abastecimento de cerca de 70% da população da capital e de 40% da RMBH.

No Estudo de Impacto Ambiental (EIA), citado pelo movimento, o empreendimento cruzará duas vezes com a adutora da Copasa e há preocupações que as explosões possam abalar as estruturas de captação. Além disso, a água poderá receber detritos químicos e as erosões, que são causadas pela mineração, podem interferir na recarga do aquífero Cauê, principal reservatório de água subterrânea de todo o Quadrilátero Ferrífero

Segundo levantamento realizado pelo Projeto Manuelzão, o Complexo Minerário Serra do Taquaril prevê a devastação de uma área de aproximadamente 100 hectares de mata nativa, de cerrado e campos rupestres, que abriga mais de 1.109 espécies de plantas, sendo 121 delas ameaçadas de extinção, além de centenas de espécies de animais, como a onça-parda e o mico-estrela.

Na quinta (18), o Ministério Público de Minas Gerais recomendou a suspensão de uma audiência pública, preparada a toque de caixa, para discutir a instalação o empreendimento, devido às dificuldades impostas pela pandemia da covid-19.

Mais informações, acesse @mexeucomaserradocurral no Instagram.

Edição: Rafaella Dotta