INTIMIDAÇÃO

Prefeita de Juiz de Fora (MG) é alvo de protestos por decretar lockdown contra covid

Críticos à medida se aglomeraram em frente à casa de Margarida Salomão (PT) na noite da última segunda-feira (22)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Intervenção com objetos que simulavam caixões com a imagem da prefeita e de vereadores também foi feita na Câmara Municipal - @wellingtonderb

A prefeita de Juiz de Fora (MG), Margarida Salomão (PT), tem sofrido uma série de ataques após decretar medidas mais rígidas de contenção da pandemia em resposta a lotação máxima dos leitos de UTIs (Unidade de Tratamento Intensivo) da cidade.

Um grupo organizou uma carretada e protestou na noite da última segunda-feira (22) em frente ao prédio onde mora a prefeita e entoaram gritos contra o bloqueio dos serviços não essenciais. 

Vestidos com as cores verde e amarela, os manifestantes exigiam que a petista descesse e os confrontassem, na tentativa de constranger a mandatária. Eles também gritaram frases como “nossa bandeira nunca será vermelha” e “Fora Margarida”. 

Além da aglomeração em frente ao imóvel, cartazes criticando o lockdown e pedindo por intervenção militar foram fixados na entrada da Câmara Municipal. Objetos de papelão que simularam caixões com a imagem de Margarida e de outros vereadores também foram deixados no local. 

Em pronunciamento nesta terça-feira (23), a petista repudiou os ataques em frente a sua casa e afirmou que “tudo tem limite”, reforçando a necessidade de haver a separação entre a pessoa física a pessoa pública. 

“Temos direito à divergência, mas só os fascistas, ao disputar politicamente, atacam a pessoa física do adversário. Nesse caso nem adversário, inimigo. Isso é absolutamente intolerável. Em nenhum momento vamos tolerar os intolerantes. Somos firmemente praticantes da cultura democrática, do diálogo, que é o que venho praticando desde que cheguei a Prefeitura de Juiz de Fora”, disse Salomão.

Margarida ressaltou a sobrecarga do sistema de saúde e a gravidade da pandemia em todo o país, cenário que exige respostas contundentes para frear a proliferação do vírus.  

O lockdown foi implementado pela Prefeitura de Juiz de Fora em 7 de março e endossado dez dias depois por decreto do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

Desde então, todas regiões do estado foram enquadradas na "onda roxa”, etapa em que só os serviços essenciais estão permitidos e a população deve cumprir isolamento social. 

Ameaças anteriores

Em 10 de março, a prefeita já havia apresentado uma queixa-crime após ela e seu vice, Kennedy Ribeiro (PV), sofrerem ameaças de morte também em razão da adoção do lockdown em uma rede social. A investigação está nas mãos da Polícia Civil. 

“Estamos dispostos sempre a fazer o diálogo, mas nunca degradaremos a luta política com ameaça pessoal e intimidação. É a esse tipo de gesto que recorrem os fascistas no Brasil inteiro”, criticou Salomão.

“Somos pela democracia, contra os fascistas e pela vida. Continuamos determinados a fazer tudo o que for necessário para que a vida do cidadão de Juiz de Fora seja defendida e menos pessoas sofram os efeitos da pandemia.”

De acordo com informações da Prefeitura de Juiz de Fora, a cidade tem mais de 67 mil casos suspeitos de covid-19, 22.966 diagnósticos confirmados e 954 óbitos.

Em nota, o Partido dos Trabalhadores (PT) afirmou que "está solidário com a prefeita Margarida Salomão e com os demais prefeitos e governadores que defendem a vida dos brasileiros, diante de um governo sem comando.”

Edição: Poliana Dallabrida