Minas Gerais

PANDEMIA

Artigo | Queremos diálogo com o prefeito de BH e lockdown com renda emergencial

Conselho Municipal de Saúde denuncia colapso do sistema de saúde, filas para CTIs e esgotamento dos profissionais

Belo Horizonte | Brasil de Fato MG |
Leito de UTI MG
"Nós reconhecemos que a catástrofe não é em Belo Horizonte apenas" - Créditos da foto: Gil Leonardi/Imprensa MG

Há duas semanas, temos assistido o colapso na rede do Sistema Único de Saúde e na rede privada em Belo Horizonte. Não é muito diferente do que tem ocorrido no estado de Minas Gerais e no Brasil. Centros de saúde atendendo quantidades enormes de pessoas com sintomas respiratórios e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) atendendo um número excessivo acima de sua capacidade de pacientes graves acometidos pela covid-19. Pacientes esses que, em sua maioria, necessita de oxigênio e de transferência para um leito de CTI nos hospitais públicos, que se encontram no limite de sua capacidade de internação, com os leitos todos ocupados.

Não apontamos culpados, não depende apenas do secretário de Saúde ou do prefeito conter o avanço do coronavírus. Isso deve ser uma ação articulada pelos órgãos públicos, entidades e pela sociedade em geral. É necessária, neste momento, a união dos esforços, com coragem e com decisão política de conter a transmissão do vírus, paralisando a circulação das pessoas. Ou seja, um lockdown, mas acompanhado de ações do poder público municipal que garantam à população, principalmente às famílias mais vulneráveis, meios de sobrevivência que permitam que todos façam o isolamento social.

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Os serviços de saúde não conseguem atender de forma adequada a quantidade enorme de usuários que chegam por dia. Os trabalhadores estão esgotados e sem recursos físicos, estruturais e psicológicos diante de tanto sofrimento e tantas mortes. Os gestores do sistema continuam tentando resoluções, abrindo leitos de CTI, “enxugando gelo”, pois estão combatendo apenas o sintoma e não a causa do problema. E o número de pacientes só aumenta.

Diante desse quadro caótico e esperado, precisamos de ações mais restritivas quanto à circulação de pessoas e de ações de transparência por parte da Secretaria Municipal de Saúde de BH, com a divulgação diária do número de pacientes que aguardam vagas de CTI. A população precisa ser informada dos fatos para que se proteja e se conscientize, pois qualquer um de nós pode ocupar esse lugar de espera por uma vaga. A Prefeitura de Belo Horizonte precisa vir a público divulgar as informações e orientar seus cidadãos.

Estamos em uma situação de guerra em que temos que usar todos os recursos disponíveis para evitar mais mortes e a continuidade do esgotamento total dos nossos serviços de saúde.

O Conselho Municipal de Saúde de BH não foge à luta.

Queremos diálogo com Kalil, com o secretário de saúde, Jackson Machado, e queremos participar das decisões na nossa cidade para resolvermos juntos nossos problemas no SUS BH.

Queremos transparência, saber a real situação dos serviços de saúde da capital.

Queremos vacina para todos.

Queremos lockdown com renda emergencial, ampliação de distribuição das cestas básicas e diminuição de impostos.

Queremos que os usuários recebam o que de melhor o SUS pode oferecer.

Queremos que os trabalhadores exerçam sua função sem o sofrimento de atuar em condições precárias e não sejam censurados quando apontarem as falhas no sistema.

Queremos que os gerentes de serviços e os gestores técnicos e administrativos não sofram por não terem governabilidade para deter esse avanço da doença.

Queremos uma decisão política e acertada do primeiro escalão do poder público municipal de Belo Horizonte.

Carla Anunciatta é presidenta do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte

Edição: Larissa Costa