Minas Gerais

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Eduardo e Mônica

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"E quem, um dia, irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?" - Créditos: Reprodução
Tem o amor idealizado, o limpinho, à primeira vista, platônico e o do messenger, zap ou coisa que o

Está chegando o dia dos namorados. Todo mundo dando pitaco e falando o que pensa e o que não pensa sobre amor. É muito engraçado prestar atenção nas conversas e percepções das pessoas sobre o que seja amor. Independe da cor, classe social, religião, time de futebol, idade e visão ideológica do mundo. Todo mundo quer encontrar seu amor. A cultura de massa contemporânea do amor romântico é a mais bem-sucedida indústria no mundo ocidental. Basta prestar atenção nas músicas mais ouvidas, na literatura mais vendida, na homilia do padre ou no discurso do pastor.   

 É impossível ser feliz sozinho? O poeta já nos deu a dica. As redes sociais, academias de ginásticas, os botecos, o futebol amador, os escritórios, os velórios, as delegacias estão aí para nos provar que todo mundo quer ter alguém para falar que é “seu”. O papo mais falado das rodinhas é sobre romances amorosos. Vi uma entrevista de um ex-presidiário que dizia que seu maior sonho era encontrar um grande amor. Mesmo depois de 50 anos preso, ainda sonhava em ter um grande amor na vida.

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Todos encontram um jeitinho para conversar sobre o tal do amor. Uns idealizam. Acham que o amor é belo, bondoso e só traz coisas boas. Esses são os eternos ingênuos. Já outros separam sexo de amor. Que o amor é livre, leve e solto! Vale o que vier, vale o que quiser! Sem preconceitos históricos. Homem com homem e mulher com mulher. Vale toda forma de amor. Jovem com mais velho. Pobre com rico. Preto com branco. O importante é ser feliz!

Encontrei também os chamados de amor limpinho. Que só há felicidade e mar de rosas. Que para ser amor não pode haver contradições. Para esses, não tenho nem palavras. Há os românticos que procuram sua outra metade. A tampa da panela. Para cada pé existe um chinelo que sirva. Panela velha também faz comida boa!

Também encontrei os que acreditam no amor à primeira vista. Esses esperam um milagre qualquer de Santo Antônio. Ficam ansiosos em qualquer lugar. Vão a uma consulta médica, padaria ou dentro do ônibus, sempre esperam ser surpreendidos pelo cupido ou o milagre do santo. Jogam carta de búzios, fazem simpatias ou algum jejum da igreja. O que não pode é ficar sozinho. 

Na era do 5G, tem até paixão pelo messenger, zap ou coisa que o valha. As redes sociais cumprem o papel que Silvio Santos cumpria outrora. Hoje uma foto postada na rede pode render um grande amor ou uma grande ilusão.

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Mas o que mais me impressionou foi o tal do amor platônico. Aquele tipo de pessoa que faz uma lista de predicados de como deve ser seu futuro amor. Esses geralmente ficam sozinhos a vida toda. Porque o amor para esses é uma espécie de Deus. Uma divindade que só existe em outros planos. Uma espécie de um ser inalcançável. Nem abrindo o mar Vermelho para encontrá-lo. Para o grande poeta, o amor é fogo que arde sem arder. 

E quem um dia irá dizer

Que existe razão

nas coisas feitas pelo coração?

Quem terá a coragem de dizer

Que não existe razão?

Rubinho Giaquinto é covereador da Coletiva em Belo Horizonte

Edição: Elis Almeida