Minas Gerais

CONTRAMÃO DO MUNDO

Petroleiros em greve contra venda de usina de biodiesel em Montes Claros

Governo quer privatizar Petrobras Biocombustível

Belo Horizonte | Brasil de Fato MG |
Os trabalhadores e os sindicatos petroleiros pedem garantia para os cerca de 150 trabalhadores concursados, para que sejam incorporados em alguma unidade da Petrobrás - Créditos da foto: Sindipetro

Desde o dia 20 de maio, trabalhadores da Usina Darcy Ribeiro, em Montes Claros, estão em estado de greve contra a venda da Petrobras Combustível (PBio), que tem usinas também em Candeias, na Bahia, e Quixadá, no Ceará. A adesão à paralisação envolve ainda o escritório do Rio de Janeiro. Em julho de 2020, a Petrobras anunciou o início do processo de venda da subsidiária PBio, e a unidade do Ceará já está fora de funcionamento. Agora, inicia o processo de venda das usinas.

Os trabalhadores e os sindicatos petroleiros pedem garantia para os cerca de 150 trabalhadores concursados, para que sejam incorporados em alguma unidade da Petrobrás. A greve chama atenção também para os prejuízos que a venda das usinas de biodiesel pode trazer para as regiões onde estão instaladas, todas no semiárido.

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No caso de Montes Claros, no Norte de Minas, cerca de 9 mil agricultores familiares estão envolvidos, com a produção de oleaginosas para o fornecimento. Há também uma rede de empregos informais em torno da usina. 

"Muitas pessoas obtêm sua renda de lá, outras pessoas que fazem serviço para trabalhadores de dentro da empresa, como faxineira, babá. Outras pessoas além dos funcionários da PBio também podem ficar desempregadas. Impacta os empresários que fazem o transporte da matéria prima, os caminhoneiros que trabalham para essas empresas", exemplifica Cristiane Reis Silva, trabalhadora da usina Darcy Ribeiro, desde 2010, dois anos depois da inauguração da usina na cidade. Cristiane participa da mobilização, com atos quase todos os dias em frente à empresa.

Além dos atos, foram realizadas audiências na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e na Câmara de Vereadores de Montes Claros, além de manifestações de solidariedade de diversos setores e regiões do país.

Mediação e falta de respostas da empresa

No dia 2 de junho, os sindicatos e representantes da subsidiária participaram de uma audiência de conciliação com a ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Delaíde Alves Miranda Arantes, relatora do pedido de dissídio coletivo ingressado pela PBio, que tenta criminalizar a greve da categoria. No dia 3, os trabalhadores decidiram pela suspensão da greve enquanto durar a mediação, mas mantêm o estado de mobilização até que haja respostas concretas por parte da empresa.

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Importância da PBio para o país

Alexandre Finamori, coordenador do Sindipetro MG, frisou que a Petrobras Biocombustível cumpre um papel que nenhuma empresa privada faria, de desenvolver energia mais sustentável no semiárido, envolvendo agricultores familiares e desenvolvimento regional.

“O dinheiro do petróleo tem que beneficiar a população, com royalties para a saúde e educação, e também preparar para o futuro. O lucro do petróleo tem que ser investido em uma transição energética”, pontua, dizendo que a atual gestão da Petrobras não se preocupa com essa dimensão de uma estatal, mas, ao contrário, atua no sentido do projeto de desmonte do Estado do governo de Bolsonaro.

Edição: Elis Almeida