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Nas trilhas do portal do bicentenário: a virada (histórica) das independências!

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Portal do Bicentenário demonstrou sua potência e capacidade de ser um encontro de todos os Brasis - Reprodução
Carregamos a certeza de que outro mundo é possível

No 07 de setembro deste ano, além da patriotada autoritária patrocinada por Jair Bolsonaro e seus milicianos, pudemos ver o espaço público ser invadido também por aqueles e aquelas que acreditam que outras narrativas sobre as independências são possíveis. De Norte a Sul do país, movimentos democráticos, tendo o Grito dos Excluídos à frente, foram às ruas para disputar as narrativas sobre nossas memórias cívica e política.

Também no espaço “público” virtual, ainda que utilizando plataformas que nem sempre são públicas, tivemos várias manifestações, debates e festas. Destas, sem dúvida, chamou a atenção a Virada das Independências, ocasião de lançamento do Portal do Bicentenário da Independência.

Ao todo, foram 26 horas ao vivo de uma programação que primou pela diversidade de Brasis que nela compareceram, pelos debates abertos, pela interdisciplinaridade, pela alegria e pela festa. Definitivamente o Portal do Bicentenário demonstrou sua potência e capacidade de ser um encontro de todos os Brasis para a discussão de nosso passado, de nosso presente e para a construção de um futuro melhor.

A resistência, sem dúvida, foi a maior contribuição da Virada das Independências

A Virada das Independências teve um pouco de tudo, de todas e de todos. Música, performances, dança; mesas redondas, documentários, entrevistas; rádio, redes Sociais, YouTube... Nela compareceram os povos indígenas, os quilombolas, os ciganos; a população negra, branca e todas as nossas diversidades. Foi, sem dúvida, um pouco da cara do Brasil real e do país que queremos construir juntas e juntos.

É importante ressaltar os esforços do Portal do Bicentenário em construir em rede uma disputa de narrativas sobre esses Brasis que não estão só no meio acadêmico, na educação superior, de onde muitas das questões e debates científicos surgem, mas ele se interliga com diversos meandros que tem na sua finalidade a educação básica. O famoso “chão da escola” que por vezes no meio educacional é colocado em um lugar de receptor de um conhecimento, que na verdade é um dos protagonistas.

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Logo no início da extensa e diversa programação da Virada das Independências foi exibido um vídeo de lançamento do Portal com dança, cores, músicas, imagens do Brasil e frases inspiradoras e de resistência como “terra, seu nome ainda será liberdade”, o que nos remete a outro evento neste mês de setembro, o centenário de Paulo Freire, patrono da educação e, mais ainda, da educação libertadora.

Em tempos de que a palavra liberdade é usada de forma altamente leviana para defender uma suposta liberdade de expressão que pede a intervenção militar e morte de brasileiros, temos aqui exemplos de pessoas que seguem na luta, apesar deles que, como sabemos, amanhã será outro dia e o Portal é isso, é como carregar a gente na tomada da luta, esperança e liberdade por essa terra, por essas terras, esses Brasis e todos os seus sujeitos que fazem a costura da vida.

Há, definitivamente, um contexto de desesperança, de ódio, de desmonte e destruição, que paira sobre o Brasil. Mas, assim como outras narrativas tentaram, em vão, apagar, há também esperança, alegria e resistências. Esta, sem dúvida, foi a maior contribuição da Virada das Independências. Uma grande rede educativa e solidária, que moveu pessoas de todos os cantos do país, que promoveu encontros, que escancarou os rostos e as lutas de quem insiste em acreditar que outro país é possível. 

Vinte e seis horas que exigiram de todas e todos mais de um ano de diálogos, de projetos, de sonhos e utopias. Uma marca que nos indica a trilha que devemos seguir: a da coletividade! Dos quilombolas, indígenas, quebradeiras de coco, ciganos e tantos povos diversos que estiveram no evento, ficou a certeza de que a virada histórica é possível.

Da coletividade que entoam cantos, versos, prosas, que encantam e encorajam, em rede, em roda, juntes, convictos na esperança da conquista de nossas independências. O portal segue ativo, seja em sua materialidade ou em cada um e cada uma que segue construindo a rede, que só cresce cada vez mais. 

Acima de tudo, carregamos a certeza de que outro mundo é possível. Que a próxima virada seja ainda maior, e escancare ainda mais as bonitezas do Brasil.

*Luciano Mendes, Marcelo Silva e Maria Beatriz Porto são editores da Coluna Bicentenário da Independência do Brasil de Fato MG.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal.

 

Edição: Rafaella Dotta