Na última edição falei um pouquinho sobre o sono. Vimos que o uso recorrente da função soneca do despertador pode trazer prejuízos à qualidade do sono de uma pessoa. Ao conversar com um amigo sobre o tema, ele relatou que há semanas tem acordado muito cedo, bem antes do horário que gostaria. E que em muitos dias não consegue voltar a dormir. Isso é insônia? O que pode ter ocasionado esse quadro?
Habituamo-nos com a ideia de que insônia é a dificuldade para adormecer. A maioria já deve ter passado pela terrível experiência de rolar horas na cama e não conseguir pegar no sono. Mas, quando acordamos mais cedo do que gostaríamos, isso também pode ser classificado como insônia.
A insônia é o mais prevalente distúrbio do sono. Estima-se que 30% dos brasileiros sofrem de insônia e mais da metade da população já apresentou algum episódio ao longo da vida. Ela pode ser classificada em três tipos: inicial (dificuldade para iniciar o sono), intermediária (despertares ao longo da noite), e terminal (acordar antes do necessário).
A insônia é um fenômeno multifatorial, originado pela combinação de diversas causas. Há um componente genético, que parece ter um peso pequeno e estar relacionado a casos mais graves. Há fatores ambientais, como a intensidade luminosa do cômodo. E, principalmente, fatores comportamentais, ligados ao estresse. Ou seja, hábitos de vida e uma rotina de trabalho estressante são os principais elementos que levam à insônia.
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Quando se tem uma noite mal dormida pela expectativa com um evento importante no dia seguinte, não há motivo para preocupação. É normal dormir mal pela ansiedade por algum acontecimento. Mas, quando os episódios se mantiverem por mais de três meses é hora de se preocupar e procurar ajuda médica.
Alguns hábitos podem ser ajustados e, na maioria das vezes, resolverão o problema. Prática de atividade física (exceto algumas horas antes de dormir); eliminar luzes e ruídos do quarto; adotar uma rotina de horário para deitar e acordar; evitar cochilos ao longo do dia superiores a 45 minutos; evitar comidas pesadas e uso de álcool, cafeína e tabaco a noite; desligar-se do celular ao menos uma hora antes de se deitar.
Mas, principalmente, tente analisar a sua rotina. Você tem sofrido com sobrecarga de tarefas e obrigações? Sente-se angustiado e constantemente demandado? Ajustar esses fatores é passo fundamental para se livrar da insônia. E, para isso, o acompanhamento psicoterapêutico pode trazer bons resultados.
Um abraço e até a próxima!
Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais.
Edição: Larissa Costa