Paraná

Descaso

Estudantes denunciam negligência de escola no Paraná com casos de Covid-19

Há vários infectados em uma mesma turma, e falta orientação por parte da instituição

Curitiba (PR) |
Protesto de pais em frente à Secretaria da Educação pediu o retorno presencial somente com a imunização completa dos filhos - Foto: Giorgia Prates

Em 21 de setembro, um estudante do ensino médio do colégio estadual Professor Guido Arzua, no bairro Sitio Cercado, em Curitiba, isola-se em casa devido à suspeita de Covid-19. No mesmo dia, sua mãe informa o fato em mensagem de WhatsApp para a equipe pedagógica e a direção escolar. Não obteve retorno sobre o que deveria ser feito, nem a turma do aluno chegou a ser informada.

Dois dias depois, com o teste positivo, o estudante entrega atestado e manda mensagens para alguns amigos da turma. Até então, nenhum aviso da escola. Outros estudantes que tiveram contato com o primeiro a testar positivo começam a ter sintomas. Em 27/9, seis dias após o primeiro caso, dirigem-se até a direção solicitando que fossem liberados. Segundo relatos dos estudantes, a direção se mostrou resistente e, só após muita insistência, liberou os que solicitaram, mantendo a turma em aula normal. Após esse dia, mais cinco estudantes testaram positivo.

Esse relato foi feito ao Brasil de Fato Paraná por estudantes da turma com surto de Covid-19. Segundo um deles, “só após muita argumentação a equipe do colégio decidiu liberar os que possuíam a suspeita. Vale ressaltar que tudo isso ocorreu de maneira sigilosa por parte da diretoria, que durante todos esses dias não havia feito nenhum tipo de comunicado à comunidade escolar.”

Falta de orientação

Uma estudante do colégio, que não quis ser identificada, testou positivo após o primeiro caso e reitera que houve falta de orientação. “Fiquei preocupada, porque fiz trabalho em equipe com ele [o primeiro a testar positivo]. Pedimos ao representante da turma que solicitasse uma orientação da direção. Ele rodou a escola até que alguém dissesse algo. E a resposta foi que até então não haviam sido informadas. Só depois de nossa solicitação nos liberaram para ir para casa e fazer o teste. Depois, cinco testaram positivo. Então, um pai foi na escola reclamar sobre a falta de orientações. Depois dessa reclamação, de vários dias após o primeiro caso, isolaram nossa sala por sete dias”, conta. 

Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a diretora do colégio, Vanda Aparecida Torá dos Santos, que confirmou que a liberação dos alunos se deu somente após a insistência. “O primeiro aluno entregou o atestado em 23/9. Era um aluno isolado. No outro dia tudo seguia na paz. Mas ele espalhou para a turma que havia testado positivo. Tudo bem ele alertar, não temos nada contra. Já na segunda-feira, os alunos estavam todos assustado e vieram falar com a gente. Então, ligamos para os pais para que levassem para fazer teste. Agora, estes que pegaram não sentam perto. Eu não admito que digam que pegaram na sala.”

A conduta adotada pela diretora, porém, não acompanha as orientações dadas pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa). Em nota orientativa às escolas (no. 03/2021), a secretaria destaca que “é fundamental que os casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 no ambiente escolar sejam identificados o mais precocemente possível” e que “na ocorrência de um ou mais casos no qual os envolvidos convivam na mesma sala de aula e não tenham tido contato com outras turmas, as aulas presenciais nesta sala devem ser suspensas por 10 DIAS, a contar do último dia do contato com o caso Covid-19.” E também que: “A decisão pelo fechamento de uma ou mais salas de aula, ou até mesmo da Instituição de Ensino como um todo, deve ser realizada em tempo oportuno e, portanto, não demanda da espera pela publicação de atos normativos específicos para este fim emitidos por órgãos de saúde.”

Questionada sobre a conduta da direção da escola, em nota, a assessoria de comunicação da Secretaria da Educação do Estado (Seed) disse que “as aulas presenciais de uma turma devem ser suspensas quando há um ou mais casos positivos na turma. A direção da escola recebeu a confirmação do teste positivo na sexta-feira, no fim do dia, e suspendeu as aulas a partir da segunda-feira seguinte.” Porém, a diretora informou que o aluno havia entregado o atestado na quinta-feira. 

Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini