Minas Gerais

Coluna

Inteligência em declínio

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Ministros e altos funcionários do governo Bolsonaro reagem às finalidades para as quais as instituições que administram foram criadas. - Marcello Casal Jr/Agência Brasil
A ideologia do Estado mínimo e a maximização dos lucros geraram discórdia e radicalismo

As inteligências cognitiva e emocional estão em marcha a ré e a inteligência artificial criando dependência. 

Até o final do século XX, os países mais desenvolvidos faziam medição sistemática do QI, quociente de intelectualidade e se gloriavam por suas populações terem progressivo aumento da inteligência cognitiva. Porém, a partir de 2001, esses gloriosos níveis começaram a cair, exigindo esforço de cientistas para explicar o fenômeno. A teia global acentua a inteligência mecânica, na qual o indivíduo desenvolve a capacidade de assimilar as soluções dos problemas resolvidos por outros, mas anula a inteligência procedural, na qual o indivíduo desenvolve a capacidade mental de raciocinar e resolver problemas.

O que, lamentavelmente, parte da humanidade está perdendo, é o sentido social da inteligência, construído desde a civilização greco-romana na antiguidade. Aristóteles (384/322 a.C.) diz que a inteligência é agir em conformidade com a razão, que conhece o bem e guia nossa vontade. Somente na existência compartilhada com outros, encontramos liberdade, justiça e felicidade. O que está sendo combatida e ameaçada, portanto, é a inteligência humanista. 

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É necessário ter cuidado na abordagem da eletrônica como único fator de embotamento da inteligência. O mal maior pode ser a radicalização do liberalismo e da globalização, desde o final do século passado. A ideologia do Estado mínimo e a maximização dos lucros geraram tremenda discórdia e radicalismo no seio da sociedade, guerras e terrorismos entre facções religiosas, gerando massas de refugiados; desemprego e empobrecimento generalizados. Ressurge o fantasma da conspiração. Todo o progresso cultural e humanista passou a ser atacado com falsas mensagens e expressões de ódio. A intelectualidade passou a ser negada com mentiras e sofismas de forma violenta. 

Foi na baixa intelectualidade que houve um aumento assustador das taxas de feminicídios, abusos de menores, injúrias raciais e tantos outros atos criminosos de preconceitos. 

Ministros e altos funcionários do governo Bolsonaro reagem às finalidades para as quais as instituições que administram foram criadas. O ministro da educação é contra o ensino universitário público gratuito. A ministra da mulher é machista. O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, é racista e determinou o expurgo de livros na biblioteca da instituição. O ex-ministro do meio ambiente, além de dificultar a fiscalização, praticava contrabando de madeira, extraída de forma ilegal. O anterior ministro da saúde era militar despreparado para a função e revelou-se negocista de vacina. A CPI do Covid19 no Congresso explicitou a negação da inteligência científica, a tentativa de evidenciar a corrupção e o atraso de governo Bolsonaro. 


 

Este é um artigo de opinião e a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

 

Edição: Elis Almeida