Paraná

Descaso

Moradores da Região Metropolitana de Curitiba relatam espera de 50 minutos para pegar ônibus

Usuários também denunciam falta de segurança e condições precárias de veículos na volta ao trabalho presencial

Curitiba (PR) |
Para moradores, há omissão e falta de interesse dos governos - Foto: Wagner Ribeiro

Com a flexibilização das normas de prevenção ao coronavírus, moradores do município de Fazenda Rio Grande, Região Metropolitana de Curitiba, voltaram ao trabalho presencial, mas se depararam com a falta de ônibus nas linhas metropolitanas, fazendo com que a maioria dos usuários fique até 50 minutos aguardando nos pontos e terminais. Relatam que muitas pessoas desistem de esperar e acabam indo a pé ou chamando um motorista de aplicativo.

Movimento organizado por moradores reivindica o aumento da frota e denuncia condições precárias dos veículos e a falta de segurança nos terminais. Esse movimento vem realizando protestos em frente ao terminal de Fazenda Rio Grande e pedindo diálogo tanto com a prefeitura da cidade, como com o governo do estado, via Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba – Comec. Até agora, não obtiveram retorno.

Segundo Wagner Ribeiro, um dos organizadores do movimento, há omissão e falta de interesse dos governos. “Fizemos essa manifestação pedindo respostas. Continua com a mesma frota. Há omissão e desinteresse por quem está sofrendo as consequências, o povo de Fazenda Rio Grande”, diz. A pauta do movimento é acabar com a superlotação com a quebra do monopólio da empresa Leblon Transportes, que administra o transporte do município.

“Um dos grandes problemas é ter uma empresa somente responsável pelo transporte coletivo. A empresa pinta e borda. Não tendo concorrência, temos ônibus quebrados e falta deles nas linhas, com gente que volta do trabalho aguardando quase uma hora”, analisa Wagner.

De Uber ou a pé

São vários os depoimentos de moradores que enfrentam dificuldades no seu dia a dia. “Moro no Santa Terezinha e, muitas vezes, quando não consigo ir pegar minha filha no terminal, ela acaba pedindo Uber, porque está cansada, não aguenta ficar esperando 50 minutos para o próximo ônibus", diz Katiusce Barrios.

O mesmo problema enfrenta a moradora Rosimeire: “Não tenho mais como ficar esperando tanto tempo e preciso então pegar um táxi no terminal para fazer o próximo trecho. O ônibus que vai até Santa Terezinha demora 50 minutos para chegar aqui no terminal", conta.

“Eu moro no bairro Estados 1. O que eu vejo é a maioria das pessoas todos os dias desistindo de pegar o segundo ônibus e saindo a pé para ir para casa, uns três quilômetros", relata Cátia Regina, moradora de Fazenda Rio Grande.

Já Luciane Xavier Costa de Jesus conta que, diariamente, precisa sair de Fazenda Rio Grande para Curitiba com o filho no colo e enfrenta a superlotação. “Eu vou toda semana para Curitiba e tenho criança pequena, preciso levar meu filho no colo. Sempre lotado. Outro lado é a falta de segurança nos terminais, não tem ninguém lá cuidando, nenhum policiamento. Já aconteceram muitos arrastões. Eles se aproveitam do pessoal lá dentro esperando mais de uma hora. Dá medo também de pegar o vírus porque é muito lotado. Além do medo, a gente se sente humilhada andando desse jeito”, conta.


"A gente se sente humilhada andando desse jeito”, conta moradora / Foto: Wagner Ribeiro

Resposta oficial

A reportagem do Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a Comec, com a Prefeitura de Fazenda Rio Grande e com a Empresa Leblon.

Em nota, o presidente da Comec, Gilson Santos, diz que o grande problema é o intenso tráfego que acontece nessa região. “Estes casos ocorrem, pois essa linha possui como grande parte do seu trecho a BR-116, que é a principal e praticamente única via de ligação entre os dois municípios. Qualquer ocorrência nessa via impacta diretamente a operação, mas são casos atípicos e que infelizmente fogem do controle da Comec. A Comec tem realizado diversas reuniões com Prefeitura de Curitiba, Prefeitura de Fazenda Rio Grande, Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura, Arteris, entre outros órgãos, buscando uma solução para o problema do tráfego intenso na região”, informa.

Sobre os problemas de segurança, Gilson afirma que “a Comec realizou diversas reuniões com a Polícia Militar, buscando uma solução para o problema. E a PM tem realizado diversas operações em ônibus e terminais que, inclusive, já resultaram na prisão de suspeitos.”

A respeito da manutenção dos veículos, a nota informa que “todos os ônibus em circulação estão com as manutenções devidamente em dia e dentro do período máximo permitido para circulação. Mas sabemos que esses veículos são extremamente exigidos, circulando por diversas horas no dia, muitas vezes em engarrafamentos e/ou terrenos de difícil acesso e que eventuais quebras são normais.”

Até o fechamento da reportagem, não houve retorno da Prefeitura de Fazenda Rio Grande, nem da Empresa Leblon Transportes.

Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini