Rio Grande do Sul

Música

Projeto Mar de Vozes e Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo homenageiam a Tom Jobim

A incursão do Mar de Vozes tem regência de Vera Novack e orientação vocal de Lúcia Passos

Brasil de Fato | Porto Alegre |
“Canta, Canta Mais” tem artistas de diferentes regiões do país - Foto: Divulgação

Depois de lançar uma gravação de Alguém Cantando, no final de janeiro desse ano, o projeto Mar de Vozes retorna às redes digitais com um novo trabalho. Desta vez o grupo de cantores gravou o arranjo vocal de Damiano Cozzellada da música Canta, Canta Mais, que tem poema de Vinicius de Moraes e música de Tom Jobim. Além disso, convidou a Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo, resultando num novo arranjo para a peça assinada pelo maestro Gilberto Salvagni, agora para vozes e sopros. A incursão do Mar de Vozes tem regência de Vera Novack e orientação vocal de Lúcia Passos.

A escolha de Canta, Canta Mais se tornou oportuna quando a regente Vera Novack encontrou em seus arquivos um arranjo para a canção assinado por Damiano Cozzella, grande maestro e arranjador com quem conviveu quando foi regente do Coral USP. Com esse grupo organizou em 2004 um tributo ao mestre, gravando um CD composto por 13 arranjos com vozes a cappella. Assim, ao reencontrar este novo arranjo, que não foi incluído naquele tributo, surgiu a oportunidade de fazer uma nova homenagem ao mestre.

“Na busca de repertório para um novo projeto com o coro virtual Mar de Vozes, pensávamos em algo que fosse oportuno para os dias difíceis de hoje, uma viagem confortante pelos mares agitados em que temos navegado nesses tempos. Damiano Cozzella tem um estilo original, criativo, ousado. Pode-se dizer que o mestre quase recompõe canções, dando a elas novas e intrincadas harmonias, diferentes linhas melódicas que se mesclam ao tema original, modificações rítmicas interessantes, proporcionando brilhos e importância a todos os naipes do coro”, explica Vera.

A aproximação do Mar de Vozes com a Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo se deu através do barítono e saxofonista Renato Santos, cantor no projeto Mar de Vozes, e Diretor Executivo da OSNH. Santos e Gustavo Muller, Diretor Artístico da OSNH, levaram o convite para que o maestro Gilberto Salvagni escrevesse o novo arranjo, agora para vozes e sopros. O maestro tinha como referências o belíssimo arranjo orquestral escrito por Claus Ogerman para o disco “Terra Brasilis”, de Tom Jobim, de 1980, e o ousado arranjo vocal a cappella escrito por Damiano Cozzella para quatro vozes. 

A partir desse material já bastante refinado, Salvagni escreveu para os timbres dos naipes de sopros, acrescentando alguns instrumentos percussivos, mantendo a poesia de Vinicius de Moraes cantada pela concepção quase integral de Cozzella, com suas matizes a enfatizar ora o texto, ora a própria música.

“Me chamou muita atenção a utilização do contraponto em ambos os arranjos (Cozzella e Ogerman) e as linhas do baixo da primeira parte, e eu quis reproduzir isso no arranjo da OSNH. Então, de imediato surge a demanda óbvia de promover o casamento entre a textura contrapontística e homorrítmica, além de dar algum espaço para a orquestra. Tudo isso sem criar conteúdos novos para o coro, pois não haveria tempo disponível para ensaiar. Então, suprimi algumas vozes secundárias do arranjo vocal, o que me forneceu liberdade harmônica e me deixou utilizar a linha do baixo original, que muito me agrada. Também abri espaço na estrutura para trechos instrumentais que não estavam no arranjo vocal; assim consegui o espaço para os contrapontos enquanto a orquestra ganha algum protagonismo. A partir dessa solução o arranjo se desenvolveu com certa fluência, pois trabalhar com a música de Jobim é sempre encantador e inspirador; é sempre um prazer”, descreve Salvagni.

Em sua proposta artística, o arranjo concebido pelo maestro Gilberto Salvagni para os instrumentos de sopro cria um tecido sonoro que parte da delicadeza das madeiras e vai incorporando a consistência dos metais a cada sessão da peça. Pensando numa construção semelhante para a tessitura vocal da obra, optou-se por dar à primeira aparição do tema o brilho isolado de uma voz solista, convidando a soprano Ana Claudia Specht, uma das integrantes do coro, cantora de formação erudita e destacada atuação no meio musical, para esta função.

Orientadora vocal da empreitada, Lúcia Passos analisa a experiência e o resultado dela: “Canta, canta, segue cantando. E os amigos cantores se reuniram mais uma vez para cantar, para se encontrar, sendo a música o motivo do encontro! Linda oportunidade de orientar vocalmente o Mar de Vozes, com uma música nova para o grupo, um novo desafio! E aconteceu!!! Além do arranjo a cappella, foi um grande prazer trabalhar a mesma música, com o arranjo orquestral do Gilberto Salvagni. Que sensibilidade! Que todas as pessoas que ouvirem esta gravação tenham o desejo de cantar, continuar cantando... sempre mais”, descreve. 

Assim, com essa nova gravação, o Projeto Mar de Vozes segue apostando em ações sem fins lucrativos que buscam a reunião virtual de cantores e amantes do canto coral em torno da boa música. Além da Regência e Direção Musical de Vera Novack e Orientação Vocal de Lúcia Passos, a produção e a direção ficaram a cargo de Marcel Gusmão, que também integra o coro.

A Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo é um dos grupos orquestrais mais antigos do estado do Rio Grande do Sul. Em 2020 completou 68 anos de atividades ininterruptas, legado que se iniciou em 1952, com a criação da Banda Municipal, sob a regência de Arlindo Ruggeri. Tombada como patrimônio histórico, artístico e cultural do município desde março de 2008, a OSNH reforça seu papel na preservação da memória musical da cidade e região.

*Com informações Carlinhos Santos, Jornalismo Cultural


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Edição: Katia Marko