Rio Grande do Sul

MORADIA

Prefeitura de Porto Alegre acena com outro prédio para abrigar indígenas

Promessa inclui permanência por mais sete dias no imóvel hoje ocupado e sem interferência da Guarda Municipal

Brasil de Fato | Porto Alegre |
A prefeitura de Porto Alegre vai procurar um prédio para acolher os 50 estudantes indígenas dos povos Kaingang, Xokleng e Guarani - Foto: Alass Derivas | @derivajornalismo

A Prefeitura de Porto Alegre vai procurar um prédio para acolher os 50 estudantes indígenas dos povos Kaingang, Xokleng e Guarani que ocuparam outro imóvel do município, este localizado na entrada do Túnel da Conceição. O prédio a ser buscado servirá de moradia provisória até que seja encontrada uma solução definitiva em conjunto com a UFRGS. Neste meio tempo, o grupo poderá continuar ocupando o edifício atual durante mais sete dias.

A promessa foi feita hoje (7) à tarde em reunião dos indígenas com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, acompanhada também pelo Ministério Público. Dois representantes dos indígenas, Woie Patté e Viviane Belini, participaram do encontro. Angélica Domingos, Kaingang e mestranda da universidade repara que, por enquanto, são palavras que não estão no papel. “Não nos apresentaram nenhum documento”, disse. Mesmo assim, há otimismo.


Alunos e alunas pedem a implantação de uma Casa do Estudante Indígena, demanda que já dura cinco anos e nunca atendida / Foto: Alass Derivas | @derivajornalismo

Guarda não intervirá

Houve ainda a promessa da prefeitura de que a Guarda Municipal não intervirá na circulação da ocupação. Antes, os guardas chegaram a barrar a entrada de colchões, cobertores e sacos de dormir.

Abandonado durante cinco anos, o prédio situado na entrada do Túnel da Conceição, em frente ao campus central da universidade, foi cedido para a UFRGS. No mês passado, porém, foi devolvido à prefeitura.

Ainda na noite de domingo, a UFRGS informou estar em contato com a prefeitura, dona do imóvel ocupado, “para atuar de forma cooperada no tema”. Disse ainda que indicará um representante da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis “para integrar os trabalhos e o diálogo com os estudantes indígenas”.

Um espaço para criar os filhos

Alunos e alunas pedem a implantação de uma Casa do Estudante Indígena, demanda que já dura cinco anos e nunca atendida. Como as universitárias indígenas possuem, muitas delas, filhos e precisam estar com eles, não encontram abrigo adequado na Casa do Estudante da UFRGS. Lá, não se permite a presença de crianças que devem ser escondidas pelas mães.

Um pedido formal foi encaminhado à Coordenadoria de Acompanhamento do Programa de Ações Afirmativas (CAF), da UFRGS, em 2017. Nele, argumentam, por exemplo, que as mulheres indígenas que em geral “apresentam na sua forma social e cultural a vivência do casamento e da maternidade em idades que coincidem com a experiência do ensino médio e superior, sendo a convivência com suas crianças uma característica que as identifica". É o que explica a pesquisadora Patrícia Oliveira Brito, autora de "Indígena-Mulher-Mãe-Universitária o estar-sendo estudante na UFRGS", dissertação citada no documento. Necessitam, então, de um espaço seu para que possam criar seus filhos com tranquilidade e segurança.

A ocupação tem o apoio do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Angélica acrescenta que o grupo continua necessitando de todo o apoio possível em termos de materiais, como utensílios de cozinha, botijões, água, fios, canos, compensados, martelos, pregos, produtos de limpeza, sacos de lixo, luvas, vassouras, baterias, gerador, além de alimentos.

Doações podem ser feitas pelo PIX 03478244048 - Jaqueline de Paula.


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Edição: Katia Marko