Paraná

Habitação

Moradores reclamam de falta de diálogo da Prefeitura em projeto do Novo Caximba

Líder de associação de moradores critica executivo: "estamos sendo ignorados"

Curitiba |
Bairro do Caximba tem diversas ocupações. Segundo moradores, Prefeitura e Estado lançam projeto de "regularização" sem ouvir população - Giorgia Prates

Desenvolvido a partir em 2017 e vendido como grande obra de revitalização que promete mudar a região do bairro da Caximba, em Curitiba, o governo do Paraná e a Prefeitura anunciaram, em março deste ano, que as obras do projeto Bairro Novo do Caximba deverão começar em até três meses. Ao lado do governador do Paraná, Ratinho Jr, o prefeito Rafael Greca autorizou a licitação para a construção de 752 unidades habitacionais na Vila 29 de Outubro previstas no projeto, além de melhorias na Escola Municipal Joanna Raksa, que atende a crianças da região.
O projeto prevê beneficiar 1.693 famílias que moram no local, com a construção de 1.147 unidades residenciais e a regularização fundiária de outras 546, além de obras de infraestrutura para evitar enchentes, ligação de redes de esgoto, luz e água. 
O investimento previsto é de 168 milhões de reais, que viriam da Agência Francesa de Desenvolvimento e da administração do município. O governo do Paraná ainda confirmou a doação, via Instituto Água e Terra (IAT), de um terreno na Vila 29 de Outubro, onde há uma ocupação, para a construção do projeto. Apesar das promessas de melhoria, a associação que representa os moradores do bairro reclama da falta de diálogo da Prefeitura e diz existir a necessidade de melhorias imediatas na infraestrutura da região. A bancada de oposição na Câmara Municipal de Curitiba também pede que as demandas emergenciais sejam atendidas.
Líder da Associação dos Moradores e Amigos do Caximba (AMACACH), pastor Jorge Nunes critica a Prefeitura pela falta de diálogo com a associação e os moradores. “Nunca nos perguntaram se aceitávamos a forma com que eles estavam fazendo o projeto (...) Eles estão colocando o projeto, mas não estão ouvindo a necessidade do povo, não estão com diálogo, para eles todo mundo tem que sair da região”, critica. Sobre a construção de casas prometidas pelo projeto, o líder comunitário analisa que não são todos que residem em situação de vulnerabilidade. “Os moradores que estão à beira do rio obviamente querem se mudar para as casas novas, agora há pessoas que têm um bom imóvel, longe das encostas, que não vão querer perder seus terrenos para pagarem aluguel social (previsto no projeto).”
A bancada de oposição na Câmara vem cobrando da Prefeitura, além de diálogo com os moradores, reformas imediatas para evitar novas enchentes, além de ligações de água e esgoto. A vereadora Professora Josete (PT), que visitou o bairro, analisa que, apesar das benfeitorias previstas no projeto, o bairro precisa de intervenções imediatas do poder público. “Estamos acompanhando e fiscalizando o projeto Bairro Novo do Caximba, mas há demandas extremamente urgentes que poderiam ser atendidas desde já. O Caximba é o retrato da desigualdade extrema da nossa cidade e do abandono que a periferia de Curitiba enfrenta”, afirma.
A Prefeitura diz pelos canais oficiais que o projeto vem sendo discutido com a comunidade e que “todos os moradores e lideranças da Vila 29 de Outubro foram convidados para as reuniões realizadas, nas quais puderam opinar e sanar dúvidas referentes à intervenção”. Ao contrário do que dizem pessoas ouvidas para esta matéria. A reportagem do Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a Prefeitura de Curitiba e enviou via e-mail as seguintes perguntas, que não foram respondidas até a publicação deste texto. Caso responda, sua versão será acrescentada.

Perguntas à Prefeitura de Curitiba
A Associação dos Amigos e Moradores do Caximba (AMACACH) acusa a Prefeitura de não ouvir a demanda dos moradores, e nos encontros feitos entre comunidade e Prefeitura, foram apenas repassados os passos do projeto, sem levar em consideração a opinião deles. Como tem ocorrido o contato entre poder público e moradores para a execução das reformas encaminhadas pela prefeitura na região?

Moradores reclamam que alguns imóveis que serão desapropriados foram comprados e, com a proposta do aluguel social, alguns sairiam de suas casas e teriam que pagar novamente aluguel, isso consta no projeto? Como a Prefeitura irá tratar os moradores que já possuem imóveis comprados na região?

A Prefeitura prevê obras imediatas de saneamento, esgoto e asfaltamento antes do início das obras do projeto?
 

Edição: Frédi Vasconcelos