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Crônica | No aeroporto

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Dentro do avião, observo a mesma cena: uma pessoa com a camisa da seleção brasileira sem máscara - Foto: Marcello Casal | ABr
Como diz uma grande jornalista, “o diabo mora nos detalhes”.

Pós-pandemia, os shows e as viagens voltam a mil por hora. Músico viajando é uma peleja incrível. Guitarras, baixo, pratos da bateria, microfones e muito mais apetrechos. Fora o olhar dos curiosos.

Aeroporto é um mundo à parte. Um pão de queijo custa os olhos da cara. Melhor ficar com fome.

Aeroporto parece ser um ambiente de ricos. Um lugar sagrado em que essa gente não aceita os diferentes. Só que o mundo mudou. Mas essa gente não aceita.

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De longe, observo um bate-boca. Me aproximo. Vejo uma senhora com uma bolsa Louis Vuitton e um mano que parece das quebradas. Tento entender o entrevero.

O mano pediu para a senhora da “Faria Lima” colocar a máscara. Ele disse: “estamos num lugar fechado”. Ela se negou a colocá-la. Aí o pau quebrou dos dois lados. A senhora chamou o mano de negrinho fedorento. E gritou em inglês: "I don't care".

O mano ficou atônito. A aglomeração aumentou.

A maioria estava a favor do mano das quebradas. A confusão acabou. Cada pessoa foi para seu portão de embarque.

Mas teve um detalhe que me intrigou pra caramba. O segurança responsável pelo saguão do aeroporto era um senhor negro. Ele ficou do lado da senhora rica.  Meu sangue ferve com esses manos que compram o “boi” da classe social opressora.

Também tive que ir para o portão de embarque com minha banda e instrumentos na mão. Muito chateado.

Dentro do avião, observo a mesma cena: uma pessoa com a camisa da seleção brasileira sem máscara. A comissária de bordo pede a ela para colocar a máscara e começa mais um pequeno bate-boca. A pessoa faz de conta que não é com ela.

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Fico pensando o que é essa gente. Será que eles acreditam que estamos no século 19? Só pode, né?

Como diz uma grande jornalista, “o diabo mora nos detalhes”.

Rubinho Giaquinto é covereador da Coletiva em Belo Horizonte.

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Este é um artigo de opinião e a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

Edição: Larissa Costa