Rio Grande do Sul

GENOCÍDIO

Editorial | A vergonha que pertence a Bolsonaro

Pela primeira vez na história, um presidente brasileiro sofre quatro denúncias por genocídio em um foro internacional

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Nos anos recentes, a violência aumentou. Em 2020, pelo menos 201 terras indígenas foram invadidas por garimpeiros e madeireiros - Sergio Lima/AFP

Pela primeira vez na história, o Brasil tem um presidente denunciado por genocídio. Pela primeira vez na história, um presidente brasileiro sofre não apenas uma denúncia por genocídio em um foro internacional, mas quatro. Esta vergonha pertence a Jair Bolsonaro.

A mais recente destas denúncias aconteceu perante o Conselho de Direitos Humanos (CDH49) da ONU, agora em março. “Assistimos ao extermínio programado dos povos indígenas livres ou em situação de isolamento voluntário devido a uma ação deliberada do governo federal para permitir que esses povos sejam massacrados”, apontou o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Nos anos recentes, a violência aumentou. Em 2020, pelo menos 201 terras indígenas foram invadidas por garimpeiros e madeireiros. E 113 indígenas, de diversas etnias, foram assassinados.

Precedendo a invasão, vem o descaso quando não o incentivo oficial. Na acusação, lembra-se que a ausência de demarcação das terras dos povos originários abre o caminho para a barbárie e as mortes.

Antes, em 2019, o Coletivo de Advocacia em Direitos Humanos e a Comissão Arns denunciaram ao Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, na Holanda, indícios de crimes contra a humanidade e incitação ao genocídio cometidos pelo governo brasileiro.

Em 2020, com outro objetivo, uma coalizão de mais de 60 sindicatos e movimentos sociais, especialmente do setor de saúde, escancarou no TPI a prática de genocídio no país durante a pandemia.

No ano passado, foi a vez da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) expor à corte de Haia atos de governo qualificados como ecocídio e genocídio.

Tais julgamento estendem-se por anos a fio. Não será algo capaz de alcançar Bolsonaro e seus cúmplices em pleno mandato. A expectativa, porém, é de que, neste ano, este Brasil cruel, estúpido e brutal seja derrotado. E, então, depois da derrota, poderá vir, para quem concebeu e construiu o crime, algo pior do que a derrota.

Edição: Ayrton Centeno