Minas Gerais

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Crônica | Guloseimas

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Andando pelo centro da cidade, me assusto com a chegada de um jovem vendendo balas, guloseimas e afins - Foto: André Ávila
“Jesus me ensinou a não ter patrão e fazer meu próprio corre”

Andando pelo centro da cidade para fazer uns corres do trampo e pagar uns boletos, me assusto com a chegada de um jovem vendendo balas, guloseimas e afins. A abordagem foi em frente a um grande shopping:

- E aí, empresário?

- Como é que é, irmão? Empresário?

- Sim. Empresário. Sei que você tem dinheiro aí e pode me dar uma força aqui no meu corre. Aceitamos dinheiro, pix ou cartão. Leva umas balas para sua mina.

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Observo que outros jovens, ambulantes, fazem o mesmo tipo de abordagem com as outras pessoas. Sempre chamando de empresário ou empresária. Com uma fala doce e exaltando que a pessoa é sempre bem-sucedida. Uma simpatia construída. Nada natural.

Pergunto ao jovem com um “pano”(roupa de marca) muito daora e cheio de tatuagens:

- Quem te ensinou a fazer esse tipo de abordagem?

- Jesus.

- Jesus?

- Sim. Jesus. Ele me ensinou a não ter patrão e fazer meu próprio corre.

- Jesus te ensinou isso?

- Ensinou.

- Mas, e se um dia você estiver doente e não puder fazer seu corre?

- Jesus falou para juntar dinheiro.

- É?

- É.

- Poxa, Jesus entende pra caramba de vendas, né?

- É.

- Você gosta de fazer esse corre aí?

- Muito. Não tem horário e ninguém pra me encher o saco. Eu mesmo sou meu patrão.

- Beleza, irmão. Sucesso aí nas vendas. Só mais uma pergunta. O que você sabe sobre a reforma trabalhista, reforma da Previdência e a inflação?

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- Sei nada não, por quê? 

- Nada. Sorte aí nos corres.

- Firmeza.

- Firmeza.

 

Rubinho Giaquinto é covereador da Coletiva em Belo Horizonte.

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Este é um artigo de opinião e a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

Edição: Larissa Costa